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Pluto mergulha na natureza humana em mistério sci-fi imperdível | Crítica

O anime de Pluto despertou a curiosidade de muita gente desde que foi anunciado em 2017, e basta um olhar atencioso ao projeto para saber que esse interesse não surgiu à toa.

A animação japonesa adapta o mangá homônimo de Takashi Nagasaki e Naoki Urasawa – mangaká responsável por obras como Monster e 20th Century Boys. Além disso, é uma reinterpretação de um arco de Astro Boy, obra de Ozamu Tezuka, considerado por muitos como o “pai do mangá”.

Após mais de cinco anos em produção, o anime finalmente chegou ao catálogo da Netflix, e o resultado é um mergulho na natureza humana, com um mistério sci-fi que aflige, provoca e emociona a cada novo episódio.

Ó ódio que os humanos sentem

“O que morrer realmente significa?” é um dos diversos questionamentos que Pluto provoca. Imagem: Netflix/Reprodução

A narrativa é ambientada num mundo neofuturista, onde humanos e robôs parecem conviver em harmonia. Mas, já adianto, nem tudo são flores.

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Com um mergulho na natureza humana, Pluto não deixa de lado as emoções primordiais da humanidade – e isso, claramente, inclui o ódio. A princípio, o universo do anime pode parecer um local de paz, mas o enredo de guerras, destruição e violência é uma questão central.

A trama se desenvolve após um ataque dos Estados Unidos da Trácia ao Reino da Pérsia. Na época, mesmo sem provas concretas, a Pérsia foi acusada de possuir robôs de destruição em massa, o que levou a uma invasão do território.

Um tempo depois, um caso misterioso envolvendo o assassinato de robôs e humanos vem à tona. Para resolver o enigma, as autoridades acionam Gesicht, um detetive da Europol. Enquanto tenta descobrir o que há por trás das sucessivas mortes, Gesicht também lida com uma série de questões que põem à prova seus sentimentos e quem ele realmente é.

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A partir disso, a narrativa dá uma nova roupagem a uma temática já conhecida por muitos – humanos vs. robôs – com uma sensibilidade ímpar que se materializa, principalmente, por meio dos recursos de animação disponíveis.

Dessa forma, é impossível não se emocionar com as histórias secundárias de personagens como North No.2, Brando e Épsilon, por exemplo. E tudo fica ainda mais interessante quando percebemos que essas subtramas têm relação com o plot central.

É ao desenvolver essas histórias paralelas que o anime introduz Atom, um dos sete robôs mais avançados do mundo. Inspirado em Astro Boy, de Tezuka, o personagem aparece como um segundo protagonista, ao lado de Gesicht, e tem um papel importante na resolução de todo o mistério.

Com um passado tocante e uma sensibilidade maior que a de muitos humanos, Atom protagoniza alguns dos momentos mais emocionantes da produção — uma homenagem de Nagasaki e Urasawa que faz jus ao icônico personagem de Tezuka.

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A princípio, os episódios de uma hora de duração podem assustar aqueles que não estão acostumados com animes tão longos, mas o ritmo engata aos poucos. Os três primeiros capítulos são mais cadenciados, mas, a partir do quarto, o mistério ganha intensidade, deixando até os menos curiosos ávidos por uma resolução.

Cenários que encantam

Cenários de Pluto destacam visual deslumbrante do universo futurista. Imagem: Netflix/Reprodução

É difícil não se encantar com os cenários futuristas de Pluto. Comandada pelo Studio M2, a animação tem Toshio Kawaguchi como diretor. Vale lembrar, Kawaguchi já animou alguns dos principais momentos de produções como Princesa Mononoke (1997) e Akira (1988).

Como dito antes, o resultado é uma animação com uma sensibilidade ímpar, que se aproveita de diversos recursos, incluindo traços mais grossos e enquadramentos específicos, para emocionar o público a cada episódio.

É possível sentir a expressividade de cada personagem e, principalmente, dos robôs — algo decisivo numa história que foca nas emoções das máquinas.

Mistério que provoca

Pluto mergulha na natureza humana em mistério sci-fi imperdível | Crítica
Anime de Pluto faz uma hora parecer apenas 20 minutos. Imagem: Netflix/Reprodução

Pluto é uma daquelas produções que desperta um mix de emoções a cada episódio. Em especial, o mistério viciante envolvendo humanos e robôs incita uma provocação sobre a natureza humana que funciona também como um lembrete dos momentos devastadores que a história da humanidade presenciou.

Como alguém que não leu o mangá antes de assistir ao anime, posso dizer que me surpreendi com as reviravoltas da trama e, em muitos momentos, me deparei com o coração apertado ao ver o destino de alguns personagens.

Com uma sensibilidade excepcional, a animação japonesa é uma porta de entrada para a obra original de Nagasaki e Urasawa e, sem dúvidas, um dos animes imperdíveis do ano.


O anime de Pluto está disponível no catálogo da Netflix, com oito episódios.

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