Mais de uma década inativa, a franquia Silent Hill está voltando. A Konami planeja uma ambiciosa retomada, com um remake de Silent Hill 2 e diversos projetos inéditos. Mas, antes dos games, quem inaugura a nova fase da saga é uma série interativa chamada Silent Hill: Ascension.

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O projeto é da Genvid, empresa que descreve seus projetos como “uma combinação única de série e videogame em que você influencia o destino dos personagens, mundos e tramas”. Ainda que conte com auxílio da Behaviour Interactive, desenvolvedora de Dead by Daylight, a produtora reforça constantemente que não se trata de um jogo. Então, o que raios é?

O NerdBunker se sentou com os desenvolvedores da Genvid para entender como funciona a série interativa e ver uma demonstração antes do lançamento do primeiro episódio no dia 31 de outubro, às 22h (Horário de Brasília). Curiosamente, parece que a produtora achou uma forma de cumprir a promessa de combinar TV e game em uma única obra.

Em uma apresentação conduzida por Jacob Navok, CEO da Genvid, vimos em primeira mão como funcionará o projeto. Silent Hill: Ascension é uma série que acompanha um grupo de personagens atormentados por visões de monstros horríveis, culpa mal resolvida e pela misteriosa Ordem, o culto que já deu as caras nos jogos da franquia.

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Ainda que renderizado em computação gráfica, a linguagem é mais puxada para a televisão. O seriado será publicado diariamente em episódios de 10 a 15 minutos, sempre às 22h (no Horário de Brasília). Esses trechos diários são interativos, que é a parte mais gamística da proposta.

Assim como em um jogo da Telltale ou Until Dawn, o público guia o rumo da trama ao tomar decisões pontuais, que podem impactar até na vida de personagens. No final de tudo, os vários capítulos diários serão editados em um episódio de 45 minutos lançado semanalmente, firmando as decisões tomadas pela comunidade.

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O conceito é intrigante, já que recompensa o público mais fiel, com o controle da narrativa diariamente, ao mesmo tempo que ainda pode ser assistido como uma série comum com episódios novos todas as semanas. As coisas ficam um pouco mais bagunçadas em como essa interação se dá.

Interação monetizada

Espectadores podem decidir rumo da narrativa de Silent Hill: Ascension [Créditos: Divulgação]

Ainda que seja possível comparar com títulos como os da Telltale, a mecânica de escolha é um pouco diferente: grandes decisões surgem em ganchos no final do episódio, e o público tem até 24 horas para definir como a situação será resolvida. Votar custa uma moeda virtual chamada Influence Points (ou IP), que podem ser obtidos através de assistir aos episódios, jogar vários minigames e, claro, pagar com dinheiro de verdade.

Há alguns momentos de interação ao vivo, como clicar rapidamente ou arrastar os dedos para os lados, como um quick-time event tradicional. Essas ações também recompensam o público com IP. Vimos demonstrações dos minigames que, apesar de bastante simplistas, parecem divertidos o suficiente como jogos de celular. Um deles, por exemplo, era como um Guitar Hero para tocar temas clássicos da franquia.

Todas essas ações acabam influenciando a narrativa, segundo a Genvid. Todos os vários personagens têm um status chamado Esperança, que determina a probabilidade de sobrevivência na trama. Se um personagem tem baixa Esperança, significa que provavelmente não sobreviverá a uma situação perigosa, caso se encontre em uma. Esse status é influenciado pelo público em contribuições de IP.

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Esperança é o status que define as chances de sobrevivência dos personagens [Créditos: Silent Hill: Ascension/Divulgação]

A monetização é um dos pontos mais estranhos de Silent Hill: Ascension, mas o projeto é relativamente simples e até promissor. Novak explica que a trama é totalmente original e ambientada antes dos eventos dos primeiros jogos, com o objetivo de enriquecer “o mundo, ideias, temas e lore do universo” da franquia. Não vimos o bastante para julgar a qualidade dos diálogos, escrita e direção, mas há potencial nessa investida.

O projeto chega ao Brasil já traduzido em português. Segundo o CEO, a Genvid se surpreendeu com o enorme número de pré-registros que o título recebeu no Google Play e App Store. Novak afirma que, ao se deparar com o grande número de brasileiros que antecipavam a série, encomendou na hora que todo o texto fosse traduzido para PT-BR.

Episódios podem ser acompanhados ao vivo ou on demand após a transmissão inicial [Créditos: Silent Hill: Ascension/Divulgação]

Não há dublagem, porém, mas o executivo acredita que o público do país curtirá a experiência: “O Brasil é um mercado incrível para horror e nós temos um projeto macabro. Se você gosta de coisas assustadoras, nós temos isso de sobra”, afirmou Novak.

Ainda assim, é preciso certo ajuste de expectativas. Os fãs de Silent Hill já não têm mais paciência com os delírios da Konami, já que a boa vontade foi afetada por uma leva de projetos lamentáveis e o cancelamento de Silent Hills. Mas é preciso entender que Ascension não definirá os rumos da franquia, é apenas uma forma de ver a série em outro formato e em novas plataformas, como o mobile.

Não quero que pensem que é um jogo”, falou Jacob Novak sobre a pressão de fazer o primeiro projeto de Silent Hill em tempos. “Os jogos chegam no ano que vem“.

O primeiro capítulo de Silent Hill: Ascension fica disponível em 31 de outubro, às 22h (Horário de Brasília), no Android, iOS e PC (via navegador). O jogo é grátis para jogar, mas há um Season Pass com pontos de IP, itens de customização e emojis.