Avatar: A Lenda de Aang está de volta, mas de uma maneira bem diferente. O mundo mágico e os personagens que tanto amamos (e aqueles que amamos odiar) são reais mais uma vez, graças à nova série live-action da Netflix.

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Desde o início, estava claro que não se tratava de uma produção pequena, seja no desafio de adaptar a saga da animação adorada por fãs do mundo todo, ou pela ambição tecnológica do streaming — ainda mais com o set de Avatar: O Último Mestre do Ar sendo o maior cenário de LED do mundo. E, a convite da própria Netflix, tivemos a oportunidade de visitar os bastidores e ver tudo de perto!

A visita aconteceu em um dia ensolarado em Vancouver, no Canadá, em junho de 2022, e teve artes de dobra, gravações de cenas, conversas animadas com Aang e muitos carinhos no Appa.

Uma produção quase “virtual”

A maior parte das gravações aconteceu em um estúdio da Pixomondo (PXO). O local tem um set construído com uma metodologia chamada “câmera VFX”, que consiste na ideia de gravar cenas com efeitos especiais em tempo real. Para isso, há um telão imenso de LED ao redor do cenário em vez da clássica “tela verde”.

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Assim, as paisagens ao fundo podem ser vistas enquanto as filmagens com os atores acontecem, e o CGI da pós-produção acaba ficando apenas para os elementos mais fantásticos, como as dobras de elementos e criaturas mágicas.

Pode não parecer, a princípio, mas as imagens capturadas no set de LED ficam bem realistas na câmera — e também a uma certa distância, quando vistas pessoalmente. Ao acompanhar a gravação de uma cena por trás das câmeras, por exemplo, vimos uma pedra que parecia ser uma peça real do cenário… até descobrirmos que era uma imagem na tela!

Na foto, é possível ver como é a tela de LED no fundo do cenário e como fica a imagem capturada na câmera (Foto: Reprodução/Tayná Garcia)

A nossa visita aconteceu no mês em que as gravações foram encerradas, então acompanhamos as filmagens de cenas do oitavo e último episódio, no qual a Nação do Fogo invade a Tribo da Água do Sul — e vimos um cenário de LED em ação, que tinha vistas congeladas e o navio comandado por Zuko (Dallas Liu).

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No entanto, o set tem 73 ambientações diferentes, que foram usadas ao decorrer da temporada. Para efeitos de comparação, a série de Obi-Wan Kenobi, do Disney+, também usou a mesma metodologia e teve 50 ambientes ao todo.

O showrunner Albert Kim, que comanda e roteiriza a produção, ainda apareceu no set para explicar que o local é composto por mais de três mil painéis de LED nas paredes e no teto, que formam uma tela com curvatura de 290º, resultando em um cenário redondo. E os efeitos visuais do telão são criados na Unreal Engine 4, um motor gráfico muito usado no desenvolvimento de jogos, como Street Fighter 5 e Star Wars Jedi: Fallen Order.

Kim no meio do cenário que é uma produção quase virtual, misturando efeitos especiais em tempo real e decorações reais (Foto: Reprodução/Tayná Garcia)

Mas o set de LED não foi usado para todas as cenas da série. A produção também teve gravações em locais abertos em Vancouver, além de cenários montados no estúdio do Pixomondo.

Pudemos dar uma espiada em um deles, que é uma ponte da Tribo da Água em cima de canais — um cenário que levou três semanas para ser construído.

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Segundo Kim, normalmente não se monta um set de tal escala para a gravação de poucas cenas, mas “não tinha outro jeito” e a construção teve que acontecer. O local é realmente imenso, com muitos detalhes de escombros da batalha por todo lado, marcas de explosão na parede e estalagmites de gelo em lamparinas.

A parte curiosa de poder ver tudo de perto é que as decorações parecem reais e pesadas, mas são leves. Ian Ousley (Sokka) contou que boa parte dos objetos e acessórios dos figurinos eram feitos de materiais pesados no início das gravações, como metal. Ao decorrer da produção, no entanto, a equipe testou outros materiais e passou a usar plásticos e borrachas com pinturas realistas, o que aliviou o peso das roupas dos atores e das armas.

Sim, a ponte é tão imensa quanto parece! Pudemos ainda andar sobre ela e ver os detalhes de perto (Foto: Reprodução/Tayná Garcia)

Gravações descontraídas

A primeira cena que vimos sendo gravada foi focada em Aang, interpretado por Gordon Cormier. O personagem fazia uma dobra de vento no meio de uma batalha, e os “efeitos” do ataque foram feitos com ventiladores gigantes — o que também foi explicado pelo showrunner.

“Quase tudo das dobras é feito com efeitos visuais [na pós-produção]. Mas vocês não fazem ideia de como a dobra de ar é difícil. Porque é vento, você não vê nada em um live-action! Então a solução foi focar no efeito da dobra em objetos e coisas ao redor. Acabamos usando ventiladores para isso”, explicou Kim.

Apesar de ser uma cena curta, a gravação foi demorada — e isso é bem comum de acontecer. Entre as tomadas (“takes”), Cormier se mostrou bem-humorado, brincando com o bastão ao apontar para a câmera e funcionários da equipe de produção. Sempre tirando sorrisos de todos ao seu redor, com uma energia contagiante.

Após o fim da filmagem, o ator (ainda caracterizado de Aang) se aproximou dos jornalistas e ficou um tempo para saber se estávamos nos divertindo no set. Ele contou que a maquiagem da seta azul na cabeça leva 45 minutos para ser feita, um processo diário, mas jurou que nunca achou entediante — algo que o pai dele, presente o tempo todo, discorda.

Acompanhamos as gravações na parte dos fundos do set, perto das barraquinhas de maquiagem e de preparação dos figurantes (Foto: Reprodução/Tayná Garcia)

Uma visita ao set de Avatar: O Último Mestre do Ar não seria completa sem Appa, é claro! A produção criou um modelo em tamanho real do bisão, que exigiu um pouco de criatividade dos atores — uma vez que era só metade dele, para o resto ser finalizado na pós-produção.

Seja como for, ficar lado a lado e fazer até um carinho num Appa imenso foi mágico e impressionante! Ainda do lado da criatura, tivemos a oportunidade de bater um papo com o elenco principal da série, composto por Cormier (Aang), Kiawentiio (Katara), Ian Ousley (Sokka) e Dallas Liu (Zuko).

Todos explicaram que são fãs de Avatar: A Lenda de Aang (até mesmo dos livros) e saíram doloridos dos treinamentos de artes marciais para as gravações das dobras de elementos. Mas nada superou a empolgação do protagonista, que afirma ter assistido à série original exatamente 26 vezes desde que conseguiu o papel.

As entrevistas com os atores de Aang, Zuko, Katara e Sokka foram feitas em um lugar especial: na frente de um Appa imenso! (Foto: Reprodução/Tayná Garcia)

Há também fãs por trás das câmeras de Avatar: O Último Mestre do Ar. Além do showrunner Albert Kim, deu para perceber o carinho do produtor Michael Goi (American Horror Story) com a adaptação.

Ele revelou que uma cena de Avatar: A Lenda de Aang o marcou tanto que teve que lutar para colocá-la exatamente como no original.

“Eu levei a cena no meu próprio celular para mostrar na mesa de roteiristas. Então falei: ‘Tem que ser exatamente assim, simples e direto’. E muitos tentaram enfeitar mais a cena, colocar algo a mais acontecendo. Mas eu lutei para que fosse idêntica”, finalizou Goi.

A produção teve cuidado contra a COVID-19, apenas os atores em cena ficavam sem máscaras e era preciso entrar em uma cabine para comer ou beber algo dentro do set (Foto: Reprodução/Tayná Garcia)

Muito do que vimos na visita era apenas uma parte do que veríamos nas telinhas, mas deu para se sentir literalmente dentro do universo de Avatar: A Lenda de Aang em cada segundo, desde andar no meio da Tribo da Água até conversar com Cormier, que exala a mesma energia de Aang.

Ver, em primeira mão, toda a paixão da equipe e do elenco pelo projeto foi tão mágico quanto as dobras de elementos!


A primeira temporada de Avatar: O Último Mestre do Ar tem oito episódios ao todo e chega em 22 de fevereiro, exclusivamente na Netflix.

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