A Capcom passa por uma era de ouro que não parece ter fim. Ao longo dos últimos anos, a empresa entregou sucesso atrás de sucesso, seja nos remakes de Resident Evil, na retomada de Devil May Cry e Street Fighter, ou nos vários títulos de Monster Hunter que enfim transformaram a franquia em um amado blockbuster. Mas será que essa magia consegue ser replicada na continuação de um clássico cult?

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Apesar de ter feito muito sucesso no Japão quando saiu em 2012, o primeiro Dragon’s Dogma foi gradualmente construindo sua reputação no restante do mundo, conquistando uma fiel base de jogadores que se apaixonaram por essa jornada de RPG em mundo aberto. Agora, Dragon’s Dogma 2 promete expandir o que já era bom e emplacar a saga como um dos grandes nomes da Capcom, assim como o estúdio fez com Monster Hunter.

À convite do estúdio, o NerdBunker curtiu uma hora do jogo inédito em evento exclusivo para jornalistas, realizado na cidade de São Paulo. Com um RPG de larga escala, uma hora pode até parecer pouco, mas acredite: o game sabe como fazer o tempo render.

Mundo dos monstros

Levou apenas três minutos para encontrarmos o grifo [Créditos: Dragon’s Dogma 2/Divulgação]

Assim como o original, a sequência coloca o jogador no papel do Nascen (ou Arisen, em inglês), figura que, segundo as lendas, é destinada a matar o poderoso dragão Grigori, um símbolo da iminente destruição do mundo. Para cumprir a profecia, o jogador se aventura por um vasto mundo, repleto de criaturas e aliados.

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O mundo aberto é marcado por cidades povoadas, rios exuberantes, cavernas misteriosas e florestas cheias de vida, com animais e monstros vivendo normalmente, alheios ao jogador (mas, geralmente, hostis à presença do mesmo). Com tantas ameaças para combater e lugares para explorar, a jornada acontece em grupo ao lado de aliados conhecidos como Peões, com alguns que podem ter até habilidades e aparência customizadas.

Em nossos testes, que usavam a mesma versão exibida ao público na Tokyo Game Show, tínhamos a opção de escolher entre três classes, com saves já minimamente avançados: Arqueiro, Lutador e Ladino. Cada classe trazia golpes variados e diferentes formas de atacar, além de estarem em pontos diferentes do mapa e da trama. No controle de um Lutador com aparência de leão humanóide, começamos nossa jornada — e não demorou nem 5 minutos para cairmos na porradaria.

A jornada não é solitária graça ao Peões [Créditos: Dragon’s Dogma 2/Divulgação]

Com quatro aliados, nossa missão consistia em resolver alguns problemas ao redor de cidades. Bastou sair da primeira vila rumo à floresta que demos de cara com um grifo gigantesco. Sem hesitar, o grupo começou a atacá-lo, a barra de vida do oponente apareceu em tela e ficou claro que entramos em uma grande luta. O animal gigantesco, com longas asas e cabeça de águia em um corpo de leão, atacava com as garras enormes. Em certo ponto, levantou voo, levando uma aliada que havia escalado o monstro para esfaqueá-lo.

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O conflito chegou ao fim com a nossa vitória, mas segundos depois já nos deparamos com outro, graças a um enorme ciclope que vagava por perto. Essa luta foi ainda mais desafiadora, com o monstrengo incapacitando alguns dos Peões ao desferir ataques em área e uma poderosa sentada, que arrancava preciosos pontos de vida do coitado que estivesse por baixo. Essa briga foi sofrida e terminou de forma dramática, com o ciclope se rastejando após ter suas pernas dilaceradas. A animação do monstro ferido foi igualmente impressionante e melancólica.

Se 15 minutos de jogo já foram caóticos, imagina horas então? [Créditos: Dragon’s Dogma 2/Divulgação]

É bom dizer que tudo isso aconteceu nos primeiros 10 minutos de testes. Nos 50 minutos restantes ainda enfrentamos um bando de harpias sanguinárias, esqueletos reanimados, feiticeiros ocultistas e hordas de goblins. O mundo de Dragon’s Dogma 2 realmente parece povoado de perigos.

E sabe a melhor parte? Ouvir que a experiência dos demais jornalistas presentes no evento foi drasticamente diferente da nossa. Outros colegas não combateram o grifo, ou sequer viram o tal ciclope. É um mundo tão grande e vivo que há certa aleatoriedade nos encontros com monstros e criaturas. Como bem colocou o representante da Capcom, que acompanhou os testes, o game pode ser bem caótico dependendo do seu estilo de jogo.

Explorar, combater, repetir

O combate simplista talvez seja a parte mais fraca do game [Créditos: Dragon’s Dogma 2/Divulgação]

Além do ritmo intenso da jornada, Dragon’s Dogma 2 nos impressionou pela variedade e beleza do mundo. Além da missão principal, é uma delícia se perder e se deixar guiar pela curiosidade, que é até incentivada pelos Peões. Frequentemente os aliados comentavam pontos de interesse próximos, como estátuas e ingredientes raros. Parecia rude não parar um pouco e apreciar.

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Foi nessa que acabamos desbravando cavernas sinistras com esqueletos possuídos, e ajudando NPCs em cidades povoadas, cercadas por campos de encher os olhos. Pontes e montanhas davam vista para belos oceanos, tudo renderizado pelo mesmo motor gráfico da franquia Resident Evil. Nas noites, em que os monstros ficam muito mais fortes e a floresta se torna um breu, foi muito confortável montar um acampamento ao redor da fogueira e cozinhar refeições de dar água na boca.

Cenários lindíssimos dão vontade de sair por aí explorando [Créditos: Dragon’s Dogma 2/Divulgação]

Mas, ainda que a impressão geral tenha sido muito positiva e memorável, alguns elementos de Dragon’s Dogma 2 ainda nos deixaram com o pé atrás. Por mais que o visual seja um dos pontos altos e a escrita dos diálogos seja boa, a falta de emoção dos NPCs em conversas e cutscenes é robótica ao ponto de destoar do restante.

O combate também não é dos mais emocionantes. Por mais que os golpes sejam criativos e bem animados, tudo parece meio repetitivo e simplista, sem muito desafio. Além disso, foram diversas vezes que nos encontramos travados em brigas, como quando harpias nos carregavam pelos ares ou nos enfeitiçavam para dormir enquanto um Goblin gigante nos chutava no chão, sem possibilidade de reação.

É divertido? Sim, mas periga rapidamente se tornar frustrante. O combate tem boas opções de ataque, mas a falta de impacto e desafio pode enjoar rapidamente, fazendo com o que os jogadores passem a evitar as brigas em vez de aproveitá-las.

Ainda assim, a imprevisibilidade e o caos da experiência tornaram nosso teste de Dragon’s Dogma 2 bastante memorável. Dá vontade de sair por aí sem rumo, apenas explorando florestas, combatendo monstros gigantes, conversando com aliados e cozinhando saborosas refeições. É preciso pedir mais do que isso?

Sem data de lançamento definida, Dragon’s Dogma 2 chega ao PlayStation 5, PC e Xbox Series X | S em algum momento de 2024.