Nossa Bandeira é a Morte (Our Flag Means Death, em inglês), da HBO, é o clássico caso de uma série que se tornou queridinha de público organicamente. Com uma trama que mistura comédia, drama, história e romance, a produção tem nomes como Taika Waititi (Jojo Rabbit, Thor), Rhys Darby (Sim, Senhor), Kristian Nairn (Game of Thrones), entre outros, em seu elenco, e aborda o mundo dos piratas no século 18.
Criada, produzida e escrita por David Jenkins (People of Earth), a série, que conta com produção executiva de Waititi, subverte o que se pode esperar de uma trama que… bom… retrata a vida de homens piratas. Sensível e diversa, a série é um mergulho — com perdão ao trocadilho — sobre este universo, com personagens que se permitem viver e amar, com muito humor.
Apesar de lançada em meio à greve de atores de Hollywood, a segunda temporada de Nossa Bandeira é a Morte chegou em grande estilo, trazendo novas trapalhadas e aventuras de Stede (Darby), Barba Negra (Waititi) e companhia. O NerdBunker aproveitou a oportunidade para conversar com David Jenkins e Gypsy Taylor, showrunner e figurinista do novo ano do seriado, respectivamente, sobre o retorno e uma possível 3ª temporada da série.
De volta aos mares
O segundo ano da série começa instantaneamente após a primeira temporada acabar. Despontando como um casal no final do primeiro ano, Stede e Barba Negra vão para caminhos diferentes em uma espécie de término que, por mais que não seja oficial, é sentido, profundamente, pelos dois. Sobre esse momento, David Jenkins resume:
“Todos querem que eles fiquem juntos, mas, ao mesmo tempo, ambos estão machucados. Barba Negra é um cara complicado e nunca teve o seu coração partido. Então, ele não está lidando muito bem com isso. Stede, no geral, parece um pouco mais saudável, mas também nunca teve uma experiência como essa antes.”
O resultado, portanto, são alguns conflitos na vida do casal, dignos de um belo romance sobre pessoas que não sabem muito bem se apaixonar — e demonstrar esse amor.
Este momento, que envolve idas e vindas dos dois, tem repercussões em outros personagens, que precisam lidar com um Barba Negra retornando aos velhos tempos de um impiedoso pirata. Stede, por sua vez, busca refazer as pazes com o seu amado, enquanto desenvolve as suas habilidades como capitão de um navio.
A figurinista do segundo ano da série, Gypsy Taylor, indica que tanto essa turbulência no relacionamento do casal quanto as implicações para os outros personagens, são retratadas nas escolhas de roupas da série:
“A tripulação que acompanha o Barba Negra é praticamente deixada sozinha por dois ou três meses. Eles precisam lidar com um tirano, que está com o coração partido, é mal e violento. Eu queria refletir isso neles.”
Segundo ela, os personagens, então, utilizam roupas roubadas de outras tripulações em saques. Elementos como anzóis, dentes de animais marítimos, e toda espécie de sujeira, caracterizam essas vestimentas. Neste sentido, Taylor exemplifica o caso de Lucius (Nathan Foad):
“Lucius viveu alguns momentos complicados. Na primeira temporada, ele veste belas jaquetas que retratam a linda inocência dele. Na segunda temporada, porém, ele está em um momento terrível, viveu nas ruas e muito mais. A ideia é que, agora, ele tenha um visual, que seja como se ele tivesse acabado de sair de uma prisão.”
Além do retorno de Lucius, outros personagens clássicos da tripulação de Barba Negra e Stede ganham destaque, a exemplo de Frenchie (Joel Fry), Jim (Vico Ortiz), Izzy Hands (Con O’Neill), Oluwande (Samson Kayo), entre outros. A série também introduz novos personagens como a novata Archie (Madeleine Sami), o casal de ex-marinheiras Mary Read (Rachel House) e Anne Bonny (Minnie Driver) e a princesa chinesa Zheng Yi Sao (Ruibo Qian).
Sobre esse balanço entre novas histórias e personagens já consolidados, David Jenkins explica:
“É o maior desafio dos roteiristas. Temos muitas histórias e não necessariamente todas elas serão abordadas. Então você tem que escolher. […] É necessário priorizar o que cada personagem precisa e quer, se mantendo fiel à história dele.”
Greves de Hollyood e terceira temporada
A segunda temporada de Nossa Bandeira é a Morte estreou em meio à greve de atores de Hollywood, que está em busca de condições mais dignas de trabalho para a categoria. Em virtude da paralisação, astros do elenco não participaram tanto da divulgação da série como poderiam em condições habituais, devido, obviamente, as regras da mobilização.
Sobre isso, Jenkins comenta:
“É algo que falta [a divulgação]. É legal que todos os profissionais envolvidos na produção da série possam fazer isso. Ao mesmo tempo, foi um alívio poder retomar algumas atividades, quando a greve de roteiristas acabou, e notar que os fãs se mantiveram ativos e estavam esperando ansiosamente pela série, independente de tudo.”
Como Jenkins menciona, a greve de roteiristas acabou no final de setembro após meses de negociações entre estúdios e a categoria. A paralisação dos atores, contudo, permanece ativa, sem previsão de acordo.
“Essas greves são absolutamente necessárias. […] No final do dia, estamos todos no mesmo negócio. Todos tentando fazer algo bom, e é difícil fazer algo bom. Todos trabalhamos juntos. Então, essas paralisações são importantes, acho que SAG-AFTRA vai conquistar algumas coisas importantes, assim como os roteiristas.”
Em relação a uma possível terceira temporada, Jenkins despistou um pouco, mas deu um gostinho do que a história de piratas desajustados pode ter no futuro, indicando que existem mais tramas para serem contadas:
“Para uma terceira temporada, Stede e Barba Negra têm grandes desafios para se tornarem um casal funcional. Será interessante ver os dois crescerem e descobrir se eles conseguem lidar com um relacionamento maduro e adulto. Quero ver isso, acho que seria interessante para a série.”
A 2ª temporada de Nossa Bandeira é a Morte está disponível na HBO Max. Além de Waititi e Dry, Joel Fry, Samba Schutte, Con O’Neill, Vico Ortiz e mais completam o talentoso elenco da série.
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