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Alan Wake II caminha para ser a obra-prima da Remedy | Review em andamento

Seja por ser apaixonada pela atmosfera de Cauldron Lake ou ter passado muito tempo à procura de garrafas térmicas de café, o retorno de Alan Wake após 13 longos anos de espera me despertou uma expectativa única e especial — assim como todo jogo da Remedy Entertainment.

Com a premissa de ser uma sequência direta, mas mudar até mesmo o gênero da franquia, o anúncio de Alan Wake II, deixou parte de mim apreensiva. Como superariam um jogo tão icônico e sagrado como o primeiro?

Declarações dos desenvolvedores sobre o projeto ser o mais ambicioso do estúdio também alimentaram a curiosidade. Mas só pude entender o que eles realmente queriam dizer quando coloquei as mãos em Alan Wake II, que é uma sequência que vai além dos sonhos mais ambiciosos dos fãs e caminha para ser a obra-prima da Remedy.

Fica o aviso de que é uma análise ainda em andamento, uma vez que encontramos um grave problema de performance que nos impediu de zerar o jogo por enquanto — e logo falaremos mais sobre isso.

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Brilhante como lanternas

Alan Wake II é a estreia da Remedy com o gênero de survival horror, mas que ainda mantém um forte foco em narrativa.

A história é ambientada novamente em Cauldron Lake (e seus arredores) e se passa exatamente 13 anos depois do primeiro jogo, retomando o conflito entre realidade e ficção gerado por manuscritos de novos livros de terror do escritor Alan Wake.

Com esse contexto, a trama se bifurca em duas campanhas, com dois protagonistas jogáveis: Saga Anderson, uma agente do FBI; e, é claro, Alan Wake. Apesar da dupla ter narrativas próprias, as campanhas conversam entre si — e, a partir de certo ponto, o jogador pode alternar entre os capítulos dos personagens e escolher a ordem que preferir.

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A história foi moldada para subverter expectativas dos jeitos mais malucos e surpreendentes possíveis — e consegue com maestria! (Imagem: Remedy/Captura de tela)

O que mais impressiona é como Alan Wake II é uma sequência exemplar, por não repetir ou depender tanto do antecessor. O jogo pega os principais conceitos da franquia (como a importância da luz da lanterna, por exemplo) e os expande tanto na história quanto na jogabilidade. É ambiciosa nos pontos certos, se mantendo fiel ao universo que os fãs tanto amam e, ao mesmo tempo, causando imensas surpresas.

A roupagem de survival horror, com muita (mas muita mesmo!) influência de Resident Evil, ainda caiu como uma luva para Alan Wake e foi responsável por ajustar muitos dos elementos que não eram tão afiados no primeiro jogo, além de puxar a temática pro terror. E, aos fãs de Twin Peaks, há uma pegada ainda mais forte de David Lynch por aqui!

Inspiração em Resident Evil reflete principalmente na jogabilidade, desde os comandos básicos de Saga e Alan até gerenciamento de itens e presença de “Safe Rooms” (Imagem: Remedy/Captura de tela)

É então que chegamos a uma das marcas registradas da Remedy. Alan Wake II faz jus ao legado do estúdio com uma atmosfera contagiante, assustadora e rica em detalhes. Cada cantinho passa a impressão de que foi construído com cuidado.

Boa parte da história, por exemplo, é ambientada em florestas que parecem capazes de te engolir vivo a qualquer momento. Lugares fechados, como casas, delegacia, hospital e até um bunker (hue), são angustiantes por terem um design propositalmente estreito.

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Tudo ainda é intensificado pelo excelente jogo de iluminação realista, que fortalece a ideia de que a luz é o maior aliado do jogador — e as sombras o pior adversário. O mesmo acontece com a trilha sonora, que é sutil para destacar os efeitos sonoros das ambientações e dos perigos dos Possuídos, aqueles que foram afetados pelo Lugar Sombrio (o icônico “Dark Place”, no original). Assim, a qualidade da mixagem de som é bem impressionante e fica a dica de usar um fone para jogar.

Já a genialidade do level design é a cereja do bolo. A história progride com uma estrutura de áreas semiabertas que podem ser exploradas livremente, com bastante conteúdo opcional que esconde narrativas opcionais por trás. Há lancheiras misteriosas, por exemplo, que podem ser encontradas e rendem fragmentos importantes, mas também é preciso descobrir quem está deixando-as para você.

Além disso, com claras heranças de Control, muitos cenários brincam com a percepção do jogador, principalmente durante a campanha do Alan. Esperem por locais que podem mudar subitamente… ou até serem alterados pelo próprio jogador, quem sabe?

Ah, como é bom o cheiro de bizarrice e café de Bright Falls pela manhã (Imagem: Remedy/Captura de tela)

As jogabilidades de Saga e Alan são praticamente as mesmas, com a lanterna e uma arma de fogo sendo o foco. Há também sinalizadores, granadas de atordoamento e itens de cura para apoio, mas os comandos são básicos e limitados de forma geral. O que não é algo negativo por ser proposital e conversar com o gênero do survival horror, ainda sendo um gameplay intuitivo e com fluidez dentro da sua proposta.

Os diferenciais entre os protagonistas ficam para a história e um sistema de investigação, que é crucial para o jogador não ficar perdido e progredir nos mistérios. Isso porque Saga e Alan exploram diferentes realidades e também são peças diferentes do tabuleiro.

A campanha da Saga, por exemplo, é mais “pé no chão” (muito ênfase pras aspas) dentro do possível, com ambientações no mundo real, lutas de chefes e um sistema chamado Lugar Mental. Nele, a personagem consegue acessar murais com pistas do caso que você está investigando, com informações importantes sobre acontecimentos passados, personagens e até quebra-cabeças.

Já Alan Wake está relacionado ao Lugar Obscuro, em uma campanha sombria com situações mais contemplativas e um sistema chamado Quadro do Enredo. Nele, o escritor consegue alterar a realidade, o que afeta e muda o cenário, colocando o jogador dentro de um quebra-cabeça vivo e pulsante.

Ambas campanhas brincam com a mistura da realidade e ficção, mas de jeitos diferentes (Imagem: Remedy/Captura de tela)

As imagens da análise já devem ter entregado, mas Alan Wake II tem uma identidade visual fortíssima e está esteticamente deslumbrante. Os gráficos chegam a impressionar de tão realistas e cuidadosos, sendo possível enxergar até detalhes mínimos como o suor no corpo de alguém, o reflexo do sol nas jaquetas do FBI e o cabelo de Alan ficando cada vez mais bagunçado ao avançar na história.

Repetindo uma marca da Remedy, há cenas em FMV (ou seja, com atores reais) no meio do jogo, que foram inseridas de forma inteligente para conversar e fazer sentido com a narrativa que brinca com o que é verdade ou ficção. Além disso, os gráficos são tão bem feitos que até o próprio jogador chega a confundir o que é real ou não — assim como Saga e Alan, né?

A paleta de cores ainda brinca com a quebra e o contraste entre tonalidades escuras e neon, e os cenários têm pequenas mensagens e avisos inteligentes e, às vezes, até engraçados. Encontrei uma placa no meio do metrô, por exemplo, que dizia “ajude a manter o metrô limpo!” e bastou acionar a lanterna para descobrir que tinha vários Possuídos ali.

Toda a luz sobre esse cuidado, no entanto, foi cortada com alguns problemas que encontramos no jogo.

Lanterna sem uma das pilhas

Alan Wake II chega com uma polêmica em andamento por causa dos requisitos altos no PC, mas jogamos no PlayStation 5 e podemos afirmar que parece bem estável nos consoles. Com o Modo de Qualidade, tivemos apenas um momento com uma brusca queda de frames e travamentos que durou por vários minutos, chegando até a cortar as vozes dos personagens.

Outro problema é que as legendas em português brasileiro aparecem dessincronizadas em vários momentos, principalmente nos capítulos com o Alan jogável.

No entanto, encontramos um erro tão assustador quanto a Presença Sombria: um bug grave que impediu nosso progresso no jogo — impossibilitando que essa fosse uma análise completa por ora. Em uma troca de e-mails com Thomas Puha, diretor de comunicações da Remedy, foi afirmado que um patch já foi lançado para a correção do problema e que a versão final (que chegará para os consumidores no dia 27 de outubro) não terá o bug.

“Sinto muito que vocês tiveram esse problema. O problema não é você, é o jogo. Tive o mesmo problema. É um bug e corrigimos isso na última atualização. […] Acreditamos que podemos consertar isso no lançamento (estou literalmente vendo nossos engenheiros resolvendo isso agora), então tudo estará bem para os consumidores”, afirmou Puha.

Seja como for, o bug aconteceu em um dos últimos capítulos do jogo. Então, quando o problema for resolvido, atualizaremos a análise com as impressões finais.

A caminho de uma obra-prima

Antes da inesperada interrupção, nossas mais de 20 horas com Alan Wake II mostraram que o novo jogo da Remedy caminha para ser a obra-prima do estúdio, colocando em prática todas as suas marcas registradas e experiências passadas.

Acredite, o visual de Alan Wake II é assustador em vários sentidos (Imagem: Remedy/Captura de tela)

Chega até a ser assustador em como o jogo é brilhante em cada aspecto de game design, com um toque cinematográfico, uma costura quase perfeita das campanhas, uma história genialmente maluca e momentos tão originais e marcantes — que são históricos não só para a franquia Alan Wake como para a indústria de games como um todo nos últimos anos.

Só esperamos que os problemas sejam resolvidos para a lanterna funcionar com a potência máxima para todo mundo.


Essa review (em andamento) foi feita com uma cópia cedida pela Epic Games e Remedy Entertainment.

Alan Wake II chega em 27 de outubro para Xbox Series X | S, PlayStation 5 e PC (por meio da Epic Games Store).

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