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Elenco e equipe de B.A: O Futuro Está Morto falam de desafios e dramas da série

Os fãs de quadrinhos nacionais e/ou de mundos distópicos têm uma boa pedida no catálogo da HBO Max. Trata-se da série brasileira B.A: O Futuro Está Morto. A trama baseada na série de quadrinhos O Beijo Adolescente, de Rafael Coutinho, chegou ao catálogo do streaming na última quinta (19), de cara já com três episódios.

O NerdBunker conversou com os produtores, diretores e o elenco da série teen, cujo maior desafio foi, justamente, transportar para live-action as liberdades tomadas por Rafael Coutinho no quadrinho.

O Beijo Adolescente nasceu como webcomic, posteriormente reunida em três volumes impressos. Na obra, Coutinho, que é filho da cartunista Laerte, despejou muito das próprias influências de quando era adolescente. Ele explica:

“Queria fazer uma aventura que honrasse histórias como Akira, Moebius… Parti da premissa de ‘E se a adolescência for, mesmo, a melhor fase da vida?’. É um período tão importante, com tantos ritos de passagem, mas também um jeito confuso e enlouquecedor.”

O quadrinho e a série se passam num futuro distópico, no qual a floresta amazônica foi transformada em um grande complexo industrial e a nuvem cinza de poluição cai, literal e metaforicamente, sobre a sociedade.

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Nesse contexto, alguns jovens descobrem habilidades especiais assim que entram na puberdade, mas têm um tempo limitado para aproveitar a boa fase, já que assim que entram na vida adulta, perdem não só os poderes como, literalmente, a cor.

Adolescentes de B.A vivem em mundo colorido, mas dominado por opressão. Crédito: HBO Max/Reprodução

A dicotomia entre o mundo colorido dos adolescentes e o universo preto e branco dos adultos é fator determinante na linguagem do quadrinho. Como, então, levar a linguagem das páginas para a tela do streaming? Criadora da série, Mariana Youssef diz:

“Tínhamos que fazer jus a esse mundo que o Rafael criou. Assim como o quadrinho tem a liberdade de ousar com ângulos, enquadramentos, procuramos trazer isso para a série. É também um olhar mais diferenciado da vivência dos próprios adolescentes, como uma fase mais lúdica. Queríamos uma visão única para a trama.”

Como o nome indica, o mundo de B.A acompanha, claro, adolescentes. Benjamin Damini dá vida a Ariel, garoto que descobre os próprios poderes após conhecer LinLin (Giulia Del Bel). Aos 15 anos de idade e com a cabeça cheia de sonhos, Ariel é selecionado para o seleto grupo que dá nome à produção, que luta contra uma misteriosa criatura que está assassinando jovens pelo país. A ameaça testará não só a força dos próprios B.As, como a confiança do grupo no sistema de governo vigente, que ignora o perigo contra os jovens.

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A premissa foi um convite à volta do próprio Benjamin à adolescência, como explica o astro:

“Fizemos a preparação de elenco juntos e foi tudo muito legal, muito colaborativo. Voltei a ouvir músicas que curtia quando era adolescente, quis relembrar como eram as coisas, isso tudo foi importante.”

Giulia Del Bel conclui que B.A deve se destacar de demais dramas teen justamente por um olhar mais autêntico à experiência do jovem no Brasil (que como diria Chorão, nunca é levado a sério):

“Nossa proposta é não representar os adolescentes de maneira injusta. Você vê muitas séries que mostram jovens como pessoas que não sabem o que querem, rebeldes sem causa… e tá tudo bem, porque é um lado da juventude, mas não existe só isso. Muitas histórias vêm de adultos narrando como um jovem deve se comportar.”

Brasil no streaming

B.A: O Futuro Está Morto é também mais um passo na longa trajetória da HBO no investimento em projetos audiovisuais nacionais. Do canal, saíram produções elogiadas como Alice, O Negócio, Magnífica 70, Mandrake e mais, e B.A representa um caminho forte para tramas de fantasia. Diretor da série, André Ristum comenta:

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“B.A tem um universo próprio, muito livre, não realista. Tivemos muita liberdade de adaptar tudo, desde que o DNA da obra permanecesse. E para mim, pessoalmente, como cineasta, cresci muito influenciado pelo cinema norte-americano, de ação, suspense, que parecia algo muito distante. Poder fazer uma história dessas no Brasil é um sonho.”

Autor da obra original, Rafael Coutinho também destaca a importância da produção para a cena nacional dos quadrinhos:

“O quadrinho é uma linguagem em si e sempre terá seu próprio valor, mas é impossível negar o quanto uma produção audiovisual levanta a cena inteira. Os livros chegarão num público maior. B.A mesmo vai passar em não sei quantos países, nunca falei com tanta gente na vida! [risos].”

Jovens lutam por um amanhã melhor em B.A. Crédito: HBO Max/Divulgação

A investida do streaming em produções nacionais é capitaneada por Silvia Fu Elias, diretora de conteúdo roteirizado da Warner Bros. Discovery, dona da HBO Max. Além de B.A, o streaming prepara uma série de Cidade de Deus, já em filmagens, e pelo menos mais três novos projetos, ainda não anunciados.

Elias diz:

“A HBO sempre entendeu que é importante contar as histórias brasileiras. Temos uma indústria muito pulsante, cheia de criadores, além, claro, de diversas possibilidades de financiamento, como as leis de incentivo. O mercado está cada vez mais maduro para contarmos nossas histórias.”

Quem assistir a B.A: O Futuro Está Morto, mergulhará num prato cheio de influências diversas, cheio de ação, aventura e críticas sociais, mas com o autêntico e inconfundível temperinho brasileiro, como concluiu o ator Benjamin Damini:

“Talvez a pessoa com uma certa expectativa e mente, mas se surpreenda com uma trama com várias camadas, várias questões muito atuais. Além, claro, de uma estética diferente do normal. Ainda mais levando em conta que é um projeto brasileiro.”

B.A: O Futuro está morto está disponível para streaming na HBO Max. Além do elenco jovem, nomes como Cris Vianna, Milhem Cortaz e Betty Gofman estão no elenco.

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