Com 10 filmes e quase 20 anos de existência, a franquia Jogos Mortais fez jus ao título de “torture porn”, subgênero do horror focado na sanguinolência explícita, e botou muita gente para sofrer nas mãos do maníaco Jigsaw e suas armadilhas cada vez mais complexas.
O serial killer moralista nunca se contentou em apenas matar suas vítimas, mas sim torturá-las em provas específicas para suas supostas infrações, sempre mirabolantes e sanguinárias.
Reunimos abaixo as 10 “melhores” armadilhas da franquia Jogos Mortais — ou piores, caso você se coloque na perspectiva de quem sofre com elas.
[Cuidado! Spoilers de todos os filmes da franquia Jogos Mortais abaixo]
1 – Armadilha de urso reversa [Jogos Mortais – 2004]
Um clássico é um clássico! Conhecido como “armadilha de urso reversa”, esse dispositivo é colocado na cabeça da vítima, com ganchos dentro da boca. Um timer começa a correr e, ao fim, o dispositivo se abre violentamente, separando a cabeça de algum pobre coitado em dois.
Introduzida logo no começo da saga, quando Amanda Young (Shawnee Smith) se torna vítima de Jigsaw por ser viciada em drogas, essa armadilha se tornou emblemática da franquia e deu as caras em vários dos filmes.
Curiosamente, as vítimas sempre escapavam, e só fomos ver a armadilha funcionando em Jogos Mortais: O Final (2010), quando Jill Tuck (Betsy Russell) se torna alvo da vingança do detetive Hoffman (Costas Mandylor). O resultado é… nojento, obviamente.
2 – Caixa de vidro [Jogos Mortais 2 – 2005]
Nem todas as armadilhas precisam ser complexas. Jogos Mortais sempre soube explorar vários tipos de desconforto com dispositivos relativamente simples. É o caso da caixa de vidro do segundo filme.
No longa, várias vítimas são colocadas em uma casa abandonada, respirando gás tóxico. Para sobreviver, precisam se submeter a jogos em busca do antídoto. Em certo momento, Addison (Emmanuelle Vaugier) encontra uma seringa em uma caixa transparente, com dois buracos para seus braços. Ela coloca as duas mãos no dispositivo, que então solta lâminas afiadas nos pulsos da coitada, que tenta tirar a seringa.
Em relação a tudo que acontece no filme, é uma morte relativamente tranquila, mas bastante agoniante, especialmente quando a caixa transparente começa a encher de sangue e iluminar o rosto da vítima com uma luz vermelha.
3 – Poço das agulhas [Jogos Mortais 2 – 2005]
Falar em armadilhas simples mas agoniantes traz à mente uma resposta: o poço das agulhas. Talvez a cena mais traumatizante de Jogos Mortais 2, se torna ainda mais tensa pelo fato de que a vítima é uma pessoa inocente, de certa forma.
O jogo em questão foi pensado para Xavier Chavez (Franky G), um violento traficante de drogas. A ideia era que fosse forçado a sentir na pele o que causou a tantos usuários, tendo que buscar uma chave em meio a um poço de seringas afiadas. O homem, porém, se recusa a participar e joga Amanda no fosso letal, que precisa escavar a pilha de agulhas com as mãos e braços desprotegidos — sem sucesso, já que acha a chave tarde demais.
Diferente de muito o que viria depois na franquia, é uma tarefa simples, mas tão eficiente em deixar o espectador desconfortável que é facilmente uma das cenas mais memoráveis de toda a série.
4 – Asas de anjo [Jogos Mortais 3 – 2006]
Quando a trama de Jogos Mortais desandou por caminhos estúpidos, as armadilhas começaram a ficar mais ambiciosas. Por mais que o terceiro filme já integre a lista de piores da saga, algumas armadilhas são engenhosas e memoráveis.
Nessa aqui, a detetive Allison Kerry (Dina Meyer) é sequestrada pelos aprendizes de Jigsaw por estar obcecada em caçar o serial killer. Ainda que seja um objetivo nobre, isso não a impede de ser colocada em uma das mais sangrentas invenções do maníaco. A detetive é suspensa no ar, com garras de metal fincadas em suas costelas, e precisa buscar a chave em um pote de ácido para se libertar.
Quando a vítima falha, as garras se expandem para as laterais como asas de anjo que se abrem — arrancando as costelas da detetive no processo.
5 – O Crucifixo giratório [Jogos Mortais 3 – 2006]
Provando que as armadilhas mais sádicas estão em Jogos Mortais 3, essa é uma das mais violentas de toda a franquia. O dispositivo coloca a vítima com braços e pernas abertas, com cada extremidade presa em um sistema rotatório. Para sobreviver, é preciso da ajuda de outra pessoa para buscar a chave, ou então o corpo da vítima é retorcido parte por parte, eventualmente chegando à cabeça.
No filme, a armadilha serve para testar o protagonista Jeff (Angus Macfadyen), um enfermeiro sequestrado por Jigsaw. Amarrado ao crucifixo está um homem conhecido como Timothy Young (Mpho Koaho), que havia matado o filho de Jeff em um acidente de carro três anos antes. O teste servia para comprovar que o enfermeiro seria capaz de perdoar, mas envolvia o protagonista recuperar uma chave amarrada ao gatilho de uma escopeta. No fim das contas, Jeff consegue deixar que Timothy morra retorcido ao mesmo tempo que faz outra vítima com o tiro de shotgun.
6 – O cego e o mudo [Jogos Mortais 4 – 2007]
Algo que muitas das armadilhas de Jogos Mortais sabem fazer é colocar duas vítimas indefesas em conflito. Poucas delas são tão eficientes quanto esta de Jogos Mortais 4, ainda que seu design seja relativamente simples.
Aqui, duas vítimas acordam em lados opostos de uma sala, acorrentadas em um dispositivo central que recolhe as correntes até que ambas sejam estranguladas. De um lado, uma das vítimas têm os olhos costurados, mas várias armas à sua disposição. Já a vítima oposta tem a boca costurada. A chave está amarrada nas costas da vítima cega — mas como você comunica isso quando não se pode falar?
No fim, essa acaba sendo uma das armadilhas mais geniais da saga por se aproveitar da desconfiança e falta de comunicação entre as vítimas. Com uma solução muito simples, é um dispositivo que desperta enorme agonia no público justamente pelo impasse totalmente compreensível que as vítimas se encontram.
7 – A coleta de sangue [Jogos Mortais 5 – 2008]
O quinto filme vai na contramão da armadilha anterior. Nesta altura, o público já sabia o que esperar de Jogos Mortais, portanto o longa brilha ao questionar egoísmo e sede de sangue dos espectadores de uma forma sagaz. No caso, todos os jogosdo longa são pensadas para serem solucionadas em grupo. Não é o que acontece.
Ao longo do filme, as vítimas sacrificam umas às outras para tentar sobreviver, sem nenhuma intenção de tentar solucionar as salas juntos. Isso cobra um preço na armadilha final, que pede que cada sobrevivente dê uma determinada quantidade de sangue ao cortar as mãos em uma serra giratória.
Com todos as vítimas vivas, cada um precisaria dar uma quantidade insignificante de sangue através de um pequeno corte nas mãos. Tendo apenas dois sobreviventes vivos, quem restou acaba precisando mutilar quase metade do braço para atender os requisitos do desafio.
8 – Carrossel de armas [Jogos Mortais 6 – 2009]
A reta final da franquia é marcada por tramas cada vez mais enroladas e absurdas, mas as armadilhas não deixam a desejar. Jogos Mortais 6, por exemplo, traz outro dispositivo simples mas aterrorizante e memorável.
Todas as vítimas do filme giram em torno de um escritório de uma seguradora envolvida em vários esquemas de corrupção. Em um dos momentos mais marcantes, o gerente William (Peter Outerbridge) precisa escolher salvar dois entre seis funcionários amarrados em um carrossel.
Com seis vítimas amarradas, a máquina fica girando até ocasionalmente parar, com um dos lados de frente para uma escopeta com seis balas. Para resgatar alguém, William — que assiste tudo do lado de fora — precisa enfiar a mão em uma gaiola e segurar dois botões ao mesmo tempo, enquanto sua mão é perfurada por estacas de metal.
Assim, a armadilha se baseia na pressão psicológica que as vítimas exercem sob William, com cada um dos funcionários implorando pela própria vida enquanto o gerente escolhe quem manter vivo. Não é nem preciso dizer que é uma experiência miserável para todos os envolvidos, né?
9 – Execução pública [Jogos Mortais: O Final – 2010]
O sétimo e último filme da saga original já tinha largado qualquer noção no passado. Aqui, uma armadilha sanguinária poderia acontecer até aos olhos do público, sem precisar se esconder em galpões e prédios abandonados.
A morte de abertura de Jogos Mortais: O Final perdeu a vergonha na cara e colocou um trio de vítimas na vitrine de uma loja, em uma praça movimentada. No jogo, uma mulher aparece amarrada no teto. Abaixo dela, dois homens se sentavam em lados opostos, com uma serra giratória no meio. Se trata de um triângulo amoroso — algo que parece preocupar Jigsaw, claramente —, e apenas duas pessoas poderiam sair vivas.
Os dois homens haviam se envolvido com a moça, um sem saber do outro. Na armadilha, em que a mulher lentamente descia rumo a serra giratória, cada rapaz tentava machucar o outro na tentativa de salvar a amada. Quando perceberam o que realmente estava acontecendo, a dupla decide sacrificar a traidora, criando um espetáculo de sangue para todos ao redor.
É uma armadilha tosca, que simboliza bem o declínio da franquia, mas que ainda é bastante memorável, sangrenta e que ganha pontos pela pouca vergonha.
10 – O carro dos nazistas [Jogos Mortais: O Final – 2010]
É possível ver uma progressão na complexidade das armadilhas ao longo da franquia. Essa de Jogos Mortais: O Final já nem é mais um jogo em si, mas sim uma tortura em efeito dominó feita para fazer várias vítimas em sequência — incluindo até Chester Bennington, o falecido vocalista do Linkin Park.
O ponto central do jogo é um carro, em que Evan (Bennington) estava com a pele colada ao banco. Abaixo, uma mulher chamada Kara tinha seu rosto nas rodas do veículo. Atrás, uma corrente ligava o carro à boca e braços de um homem chamado Dan. Já na frente, um cara chamado Jake está preso em uma porta de madeira em frente ao carro. Para impedir que tudo seja colocado em movimento, basta que Evan arranque a pele das costas e estenda o braço até uma alavanca no painel.
No caso, ele não consegue se soltar no limitado período de 30 segundos e o resultado é uma sequência de mortes brutais em rápida sucessão. Não é exatamente lamentável que dê errado, visto que todas as vítimas eram neonazistas.
11 – O silo de grãos [Jogos Mortais: Jigsaw – 2017]
Sete anos após o sétimo filme, Jogos Mortais voltou com um capítulo bastante medíocre, mas com visual chamativo e algumas boas armadilhas. Dentre elas, o silo de grãos sai vencedor pela ideia simples mas aterrorizante.
Aqui, as vítimas estão dentro do local cilíndrico usado para armazenar grãos de vários tipos. Os alimentos começam a chover, infestando o lugar e diminuindo cada vez mais a mobilidade dos presentes. Quando já não conseguem mais se mexer, objetos afiados começam a chover. A resolução, porém, está em outra armadilha, que pede que a vítima corte a própria perna. Quando a outra é resolvida, uma porta se abre no silo.
Ainda que não seja complexo, o jogo cria tensão através da claustrofobia, da limitação no movimento e dos perigos de itens completamente mundanos.
12 – A cirurgia cerebral [Jogos Mortais X – 2023]
No mais recente capítulo de Jogos Mortais, as armadilhas são simples e violentas. Nada exemplifica melhor isso do que quando Jigsaw força para que uma das vítimas faça cirurgia no próprio cérebro, em retaliação por ter se passado por cirurgião.
Amarrada em uma cadeira, a vítima precisa abrir o próprio crânio, extrair partes específicas do cérebro e colocá-las em um vidro cheio de ácido. É preciso despejar carne o suficiente para avançar um medidor. Caso contrário, uma máscara se fechará no rosto da vítima, queimando sua cabeça em uma espécie de máscara maia.
A cena toda é brutal e grotesca, seguindo os movimentos assustados da vítima que precisa ser rápida mas cuidadosa, para não retirar nenhuma região que possa causar dano motor em seu cérebro. A simplicidade e nojeira da armadilha serve para reforçar como o último filme acertou a mão em retornar às origens da franquia.
Jogos Mortais X já está em cartaz nos cinemas brasileiros.