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The Crew Motorfest lembra outros títulos, mas tem personalidade própria | Review

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Quem nunca sonhou em tirar férias no Havaí, mesmo que de brincadeira? Pois o arquipélago vulcânico serviu de base para a criação de The Crew Motorfest, novo jogo de corrida de mundo aberto, no qual o jogador pode se aventurar pela ilha da forma que preferir — menos a pé, óbvio.

O título da Ubisoft chega com muito conteúdo inédito e também a possibilidade de competir com amigos, seja fazendo o melhor tempo numa pista individual ou nas modalidades online, contra outros jogadores em tempo real. Mas será que isso é o suficiente para manter o interesse?

Ultrapassando a concorrência

Imagem de The Crew Motorfest
O estúdio Ubisoft Ivory Tower, focado em The Crew, gerou várias melhorias para a franquia (Ubisoft/Divulgação)

É um tanto cômico o fato de ser mais fácil de apresentar The Crew Motofest através do seu concorrente direto, Forza Horizon 5, sendo que este já é o terceiro jogo da franquia The Crew. Ainda assim, não é errado dizer que Motorfest é quase um Forza Horizon, mas que consegue se diferenciar, entregando a sua própria personalidade.

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Pensar num jogo de corrida com foco em coleções acabou se tornando uma tarefa bastante complicada para os desenvolvedores de The Crew, por conta da existência de jogos como o já citado Forza e Gran Turismo. O conceito de colecionar carros (meio Pokémon mesmo, “temos que comprar todos”) acaba se tornando uma característica do jogo, mesmo que a gente mal consiga jogar com 10% da quantidade massiva de marcas e modelos à nossa disposição (mais de 600 veículos). E talvez seja aí que The Crew Motorfest brilha um pouco mais em relação a esses dois concorrentes.

Playlists: escolha a que você mais gostar

Imagem de The Crew Motorfest
O menu de Playlists lembra as listas de filmes e séries da Netflix (Ubisoft/Reprodução)

Antigamente, The Crew (2014) tratava seus carros como avatares dentro de um jogo multiplayer de mundo aberto, no sentido de não precisar nunca trocar de veículo, se o jogador assim desejar. Um ajuste aqui, outro ali e sua Ferrari poderia disputar uma corrida de rally tranquilamente. Alguns chips de upgrade adquiridos como prêmios por boas colocações em corridas ou desafios extras, garantiam a você a potência necessária para colocar seu Celtinha a 80km por hora, pau a pau com uma Lamborghini.

Essa questão de avatares foi deixada de lado em The Crew 2 (2018), que também adicionou as corridas multifacetadas – carros numa volta, barcos em outras e aviões no final, não necessariamente nesta ordem, mas quase sempre os três estilos. Mas isso também não caiu muito no gosto do jogador, que às vezes só queria correr com seu carrinho tunado numa boa. Ninguém pode dizer que a Ubisoft não tentou coisas novas durante esses oito anos.

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Porém, a melhor solução (até agora) encontrada pelos devs da Ubisoft Ivory Tower para deixar o jogo mais interessante foram as Playlists de Motorfest. O nome se refere a sequências de corridas temáticas, em que o jogador precisa apenas possuir um carro específico daquela categoria para poder participar. Os demais veículos necessários para avançar na Playlist são emprestados pelas próprias provas, para manter a disputa mais equilibrada e focada unicamente na habilidade e talento de cada jogador.

De início, são 15 Playlists, e elas funcionam como a campanha principal do game. Cada uma delas possui em média 10 corridas ou desafios a serem cumpridos. Não parece muita coisa, mas a Ubisoft foi competente em apresentar uma boa variedade de opções em trajetos, modos de jogo e cenários espalhados ao longo dos muitos quilômetros virtuais da ilha de O’Ahu, o mapa do jogo.

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Imagem de The Crew Motorfest
É contra eles que você corre na Playlist Made in Japan (Ubisoft/Divulgação)

Certas Playlists alteram completamente a forma que The Crew Motorfest se apresenta. Uma delas, a Motorsports, é dedicada ao esporte de alta velocidade com carros de Fórmula 1 e GT. Essas corridas acontecem num circuito profissional (não nas ruas da cidade) e, apesar de não trazerem regras mais rígidas de colisão ou invasão de gramado, entregam uma experiência limitada de “pit stop” para a troca de pneus, que renovam a aderência do carro na pista.

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Outra grande sacada das Playlists é a chance do jogo se arriscar num formato mais “underground” de corridas ilegais (mas, no jogo, são legais porque fazem parte do festival). A Playlist Made in Japan, por exemplo, apresenta as “Touge Battles”, corridas focadas na perseguição e desafio entre dois pilotos, bastante populares no Japão. Claro que o drift também faz parte dos desafios e aparece aqui como uma corrida desfiladeiro abaixo, ao melhor estilo do anime Initial D que o game poderia oferecer. Um deleite para os fãs desse tipo de desafio.

Para quem gosta da estética e do estilo de direção dos “JDM”, sigla para Japan Domestic Models, os carros de passeio japoneses que são tunados para a atividade ilegal nas ruas, vai se apaixonar pela Playlist. É de se esperar que, no futuro, mais Playlists sejam inseridas em Motorfest através de atualizações, gratuitas ou não.

Bem vindos ao “Main Stage”

Imagem de The Crew Motorfest
O Main Stage é composto por quatro Playlists específicas cheias de recompensas (Ubisoft/Reprodução)

The Crew Motorfest entrega ao jogador missões e recompensas semanais sob o título de Main Stage. O “estágio principal” do jogo é um desafio mensal dividido em quatro etapas semanais, que os jogadores só podem acessar após finalizarem algumas Playlists convencionais.

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O jogo explica um pouco mal essa parte porque o jogador não consegue perceber logo de cara que esses desafios funcionam como uma corrida contra o relógio, já que quanto mais tempo demora para habilitar o Main Stage, menos tempo há para completar seus desafios específicos.

Em linhas gerais, o Main Stage é dividido em quatro eventos individuais: Revisit, focado em jogar de novo algumas Playlists, especialmente as que estão como destaque na semana; Compete, diz respeito à competição online que pode ser realizada em eventos de multijogador; Explore, com objetivos aleatórios disponibilizados no mundo aberto do jogo, como ultrapassagens perigosas, alcançar altas velocidades ou ir de ponto A para ponto B no mapa; e Legend, que compila todos os pontos acumulados nos três eventos anteriores e marca o seu nível no jogo. Quanto mais pontos acumulados, mais recompensas destravadas.

Parece mais confuso explicando do que realmente jogando. De um modo geral, a única coisa que vale a pena mesmo em relação ao Main Stage é ficar de olho nas recompensas, itens que, por enquanto, não podem ser adquiridos de outra maneira. É aquela velha história de fidelizar o jogador com alguma coisa que o faça retornar diariamente no game e gastar algumas horas com as suas “missões diárias”, ao melhor estilo Genshin Impact, Destiny ou jogos do gênero.

Rodas cromadas e paralamas neon

Imagem de The Crew Motorfest
Apesar das limitações, o tuning de carros entrega uma boa variedade (Ubisoft/Reprodução)

Comprar o carro dos seus sonhos nem sempre é o suficiente. É preciso também comprar novas rodas, aumentar o tamanho dos pneus, trocar paralamas, spoilers, escapamentos e até mesmo dar aquele trato no interior do veículo. The Crew Motorfest possibilita tudo isso.

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Com exceção de algumas poucas marcas (Ferrari, Lamborghini, Porsche, essas mais ricas), é possível alterar praticamente todo o exterior do seu veículo. As opções são simplificadas – não espere nada do nível Need for Speed aqui –, mas as modificações entregam um resultado bacana.

Mesmo limitadas, as opções conseguem trazer à tona um pouco da criatividade do jogador nos veículos trabalhados. Em comparação direta com o seu rival mais próximo (Forza Horizon), Motorfest capricha mais no resultado final.

Porém, a criação de conteúdo próprio com os liveries (adesivos) fica devendo, e muito. A biblioteca de criações feitas pelos jogadores é bem fraca, mas talvez seja por conta da ferramenta de criação de pinturas originais do jogo, que é um tanto quanto limitada. Pode ser que melhore com o tempo.

Alguns itens de personalização mais específicos, como neons, pneus coloridos e efeitos de fumaça diferenciados só podem ser adquiridos de duas maneiras: como premiação do modo Legend ou comprando com dinheiro de verdade. As microtransações estão no game, mas são focadas exclusivamente na compra de itens estéticos (e carros, se preferir gastar dinheiro de verdade ao invés dos “bucks” que o jogo fornece gratuitamente).

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A bagunça online

Imagem de The Crew Motorfest
No online, é possível escolher três veículos e disputar uma Grand Race com outros 27 jogadores (Ubisoft/Reprodução)

Claro que The Crew Motorfest conta com seu próprio modo online, com partidas até 32 jogadores ao mesmo tempo, além de pequenas interações no mundo aberto como um todo.

É possível criar sua própria gangue (sua “Crew”) ao lado de mais três jogadores e curtir o mapa ou as disputas online. A principal delas é a Grand Race, uma corrida de mais ou menos 10 minutos, com três variações de circuito. Aqui vale absolutamente tudo e a desonestidade de empurrar os demais jogadores para fora da pista quase sempre é recompensada.

O outro modo de jogo é um Battle Royale de eliminação, no qual uma parte da ilha é fechada para o evento e os participantes precisam se enfrentar num mata-mata em que todo mundo bate em todo mundo, com itens que podem dar mais força, defesa ou velocidade ao carro do jogador. O jogo oferece até mesmo uma opção de “ULT”, um golpe especial que transforma seu veículo num trator mega tunado que vence todo mundo com um simples “totózinho” na traseira.

O game gira em torno de temporadas e temas específicos. A estreia do jogo segue com os muscle cars americanos, comemorando as muitas gerações do Mustang. A próxima temporada talvez reinvente as disputas online, já que será baseada em Hoonigan, uma competição que funciona dentro de uma arena cheia de desafios, nos quais os jogadores precisam utilizar drifts, “donuts” e outras técnicas avançadas de direção “espetáculo” para se dar bem.

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A falta de uma variedade maior nas disputas online no início de vida do jogo é evidente, mas de certa forma se equilibra com a quantidade de conteúdo semanal e desafios diários propostos pelo Main Stage. Agora é esperar que isso seja o suficiente para manter os jogadores ativos dentro do jogo. Sempre lembrando que o título aceita controles do tipo volante, com uma experiência bastante divertida e nada frustrante.

O único grande problema de The Crew Motorfest é a falta de uma opção de dublagem em português do Brasil no jogo. Vacilo da dona Ubisoft, ainda mais com a quantidade de conversa bacana que existe dentro das Playlists — tem muita propaganda de marca de carro também, mas já era de se esperar.

Porém, mesmo com essa derrapada (com o perdão do trocadilho), The Crew Motorfest é divertido e merece um pouco da sua atenção, especialmente por conseguir inserir tantas características próprias em um tipo de jogo com várias franquias no mercado. Para quem busca algo diferente, mas ainda com um gosto familiar, vale a aposta.


The Crew Motorfest já está disponível para PlayStation 5Xbox Series X | SPCXbox One e PlayStation 4.

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