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Ahsoka cura feridas de Star Wars em 5º episódio emocionante

O quarto episódio de Ahsoka chegou ao fim em grande estilo. Para marcar a metade da temporada, a série de Star Wars trouxe Anakin Skywalker e finalmente o colocou de frente com a aprendiz, Ahsoka Tano, em live-action. Esses surpreendentes minutos finais foram preparativos para o quinto capítulo, que não desperdiçou a deixa e chegou ao Disney+ curando velhas feridas dessa galáxia tão distante.

[A partir daqui, spoilers do 5º episódio de Ahsoka]

Antes do grande encontro entre Ahsoka (Rosario Dawson) e Anakin (Hayden Christensen), o capítulo “Guerreiro das Sombras” mostra as consequências do episódio anterior para quem ficou para trás. A general Hera Syndulla (Mary Elizabeth Winstead) chega a Seatos tentando entender o que aconteceu à Lady Tano e a Sabine – que partiu junto aos vilões em busca do Grão Almirante Thrawn e Ezra Bridger.

A procura pela dupla demora a dar resultados, já que os scanners de naves e droides não captam nenhum sinal das duas. Um problema para a general, que partiu para essa missão sem permissão da Nova República e agora corre contra o tempo para encontrar alguma justificativa para seus atos.

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Além de dar a abertura para uma casual referência à “senadora Organa”, revelando que a antiga princesa Leia estaria ajudando a acobertar a rebeldia de Hera, esse núcleo ganha importância mais adiante. Mas, antes disso, vamos ao grande encontro.

Hera, Jacen e Chopper, a ligação de Ahsoka com o mundo real (LucasFilm/Reprodução)
Hera, Jacen e Chopper, a ligação de Ahsoka com o mundo real (LucasFilm/Reprodução)

O mestre e a aprendiz

A relação entre Anakin Skywalker e Ahsoka Tano foi criada e desenvolvida em The Clone Wars, derivado que começou num filme animado e ganhou sequência em uma série com mais de 130 episódios. Essa longa jornada teve como um de seus arquitetos Dave Filoni, que escreve o roteiro e dirige o quinto episódio de Ahsoka.

Consciente de que há uma grande parcela de fãs de Star Wars que não assistiu às animações, Filoni se desdobra entre apresentar essa dinâmica para um novo público enquanto ativa a nostalgia de quem acompanhou as séries. Um equilíbrio que se torna uma forma de curar feridas e unir mundos desse universo.

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Assim como o público, Ahsoka não entende exatamente como esse encontro é possível, já que a última lembrança que lhe vem à mente é de ser jogada penhasco abaixo pelo maligno Baylan Skoll (Ray Stevenson). O roteiro, por sua vez, não faz a menor questão de explicar nada e sequer cita que eles estão no Mundo Entre Mundos – dimensão gerada pela Força que explicamos aqui neste texto.

O foco do reencontro está na “última lição” do mestre Anakin para a padawan Ahsoka. Após piadinhas sobre ela estar “velha” enquanto ele “parece o mesmo” – piscadela para fato de Hayden Christensen aparecer com o visual do personagem em Clone Wars –, eles performam um breve combate de sabres de luz em que ela brinca que não há mais nada a aprender com ele.

A resposta de Skywalker é literalmente tirar o chão dos pés da aprendiz, que entra em queda livre e pousa numa memória antiga. Para reviver uma das primeiras missões como aprendiz, no auge das Guerras Clônicas, ela volta a ser jovem e passa a ser interpretada por Ariana Greenblatt (Barbie), numa passagem que ajuda a entender a carga emocional da personagem.

Esse primeiro flashback reavalia o início da jornada de Ahsoka como Jedi. Enquanto Clone Wars usava a personagem como forma de representar o público infantil no meio daquelas aventuras, a série reflete sobre esse período com peso. Afinal de contas, a personagem era uma criança em um campo de guerra, experimentando dor, pesar e luto. Uma carga que ela rejeita, dizendo que não treinou para uma guerra.

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Jovem Ahsoka e Anakin Skywalker revivem memória da Guerra dos Clones (LucasFilm/Reprodução)
Jovem Ahsoka e Anakin Skywalker revivem memória da Guerra dos Clones (LucasFilm/Reprodução)

Em resposta, Anakin explica que os Jedi precisam se ajustar aos tempos, e que os primeiros passos de Ahsoka coincidiram com uma guerra, tornando-a uma soldado. Uma justificativa encarada com desconfiança pela jovem, que percebe a armadilha escondida nessa retórica. Quando seu mestre se afasta, ela vê sua silhueta se tornar a de Darth Vader, indicando que ela entende essa apatia de Skywalker em aceitar perdas e baixas como “preço a pagar” pela vitória foi o primeiro sinal de sua guinada ao Lado Sombrio.

O segundo flashback é do Cerco de Mandalore, um dos últimos arcos de Clone Wars. Além de uma desculpa para mostrar Ahsoka mais velha e experiente – e alguns easter eggs, como o Capitão Rex –, esse é o ponto-chave do episódio. Percebendo a relutância da padawan, Anakin diz que ela é tudo o que ele é, por possuir todo o conhecimento que ele tem.

Ahsoka não recebe essa ideia com entusiasmo e põe para fora o temor de seguir os passos do mestre rumo ao Lado Sombrio. Afinal, se ela é como ele, isso significa que ela pode ter um Darth Vader interior. Esse pavor, que a paralisa e a impede de viver plenamente a própria jornada, não é novo, sendo representado na série pela forma contrariada como ela aceita Sabine como sua padawan.

Esse medo dá nova forma ao Anakin, que assume o sabre vermelho e o olho laranja característico de quando foi tomado pelo Lado Sombrio no Episódio III – A Vingança dos Sith (2005). Isso dá fim ao flashback e os leva de volta ao Mundo Entre Mundos, onde a Ahsoka adulta combate seu mestre. Porém, quando chega a hora de desferir o golpe fatal, ela se nega e faz a escolha de “viver”.

Assim, a série cura a grande ferida de sua protagonista, que havia sido parcialmente consumida pela culpa, em deixar alguém tão próximo como seu mestre se tornar símbolo do Lado Sombrio, e pelo medo em seguir o mesmo caminho. Porém, esse momento também serviu para fazer a ponte entre o universo das animações e o live-action.

Quando Anakin diz que Ahsoka faz parte de um legado, é difícil não ouvir a voz de Dave Filoni. Com Clone Wars e depois Rebels, o cineasta foi um dos responsáveis por expandir o universo Star Wars em produções que nunca receberam o devido crédito. Afinal de contas, as animações costumam ser vistas como “segunda categoria” e, mesmo com a alta qualidade, não recebem a mesma atenção que os live-actions – por mais sofríveis que esses possam ser.

Então, colocar Hayden Christensen em carne e osso para reforçar o papel de Ahsoka nesse legado se torna um reconhecimento da importância das histórias contadas nas animações. Uma ponte entre esses “universos” de Star Wars, que podem parecer distantes, mas que giram em torno de uma coisa só. Uma atitude que só não soa vaidosa por parte de Filoni graças à paixão empregada por ele e por sua equipe ao longo dos anos.

Anakin Skywalker e Ahsoka Tano durante o Cerco de Mandalore em cena de Ahsoka (LucasFilm/Reprodução)
Anakin Skywalker dá a lição final a Ahsoka Tano LucasFilm/Reprodução)

A libertação de Ahsoka

Ao aprender a valiosa lição, a protagonista retorna ao “mundo real”, em que é salva pela tropa de Hera. Um resgate que só é possível graças a Jacen Syndulla (Evan Whitten), filho de Hera com o Jedi Kanan Jarrus – de Star Wars: Rebels. Seguindo a vocação do pai em se conectar com a Força, o garoto consegue ouvir e sentir a presença de Ahsoka e serve como bússola para encontrá-la.

Ao acordar, Ahsoka usa seus dons Jedi para descobrir o que aconteceu a Sabine. Quando entende que a garota entregou o mapa e partiu com os vilões para encontrar Thrawn e Ezra, ela bola um plano que estava no ar desde o terceiro episódio: usar o dom dos purrgil em se mover entre galáxias para se juntar à festa. Assim como Ezra fez no final de Rebels, Ahsoka estabelece uma conexão com uma das criaturas através da Força e parte com Huyang para uma outra galáxia, ainda mais distante.

Nesse ponto, o episódio estabelece duas questões importantes para a reta final da temporada. A primeira é o fechamento do arco de Hera, Jacen e Chopper nessa história, já que o trio fica para trás para a general Syndulla responder à Nova República sobre a desobediência. Ao literalmente se despedir, esse núcleo abre caminho para que os próximos capítulos foquem, exclusivamente, no reencontro entre Ahsoka e Sabine com Ezra e Thrawn.

A segunda é sua protagonista. Ao praticamente renascer sem o fardo do medo, Ahsoka surge mais sorridente e leve, com direito a novas vestes brancas – em um paralelo pouco sutil com Gandalf, de O Senhor dos Anéis. Com o “treinamento” concluído, ela finalmente perdeu a amarra do medo, mudança representada na belíssima cena em que ela usa a Força para se conectar com uma criatura tão poderosa quanto um purrgil. Uma confiança que deve ser determinante para suas ações na reta final da série.

Ahsoka Tano se conecta com um purrgil em cena de Ahsoka (LucasFilm/Reprodução)
Ahsoka Tano se conecta com um purrgil em cena de Ahsoka (LucasFilm/Reprodução)

Ahsoka está disponível para streaming no Disney+. A série ganha episódios inéditos às terças-feiras.

Material Complementar

Boa parte de Ahsoka incorpora elementos de Star Wars: Rebels, animação que originou personagens como Sabine, Hera e Ezra. Sabendo que muitos fãs da saga podem não ter assistido à série animada, nossos recaps são acompanhados por dicas de episódios de Rebels que podem complementar a experiência de Ahsoka.

A recomendação da vez é “Reunião e Despedida de Família”, o décimo quinto episódio da quarta temporada – ou, o último da série. Pode ser estranho conhecer uma produção pelo final, mas ele mostra exatamente o que aconteceu a Ezra e Thrawn, evento que promete ganhar muita importância no próximo capítulo de Ahsoka.

Curiosamente, um momento do último capítulo de Rebels já foi recriado em live-action em Ahsoka, mas você vai precisar assistir para descobrir qual.

Ezra Bridger e o Grão Almirante Thrawn em cena do último episódio de Star Wars: Rebels (LucasFilm/Reprodução)
Ezra Bridger e o Grão Almirante Thrawn em cena do último episódio de Star Wars: Rebels (LucasFilm/Reprodução)

Assim como a série live-action, Star Wars: Rebels está disponível para streaming no Disney+.

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