Agendada para 29 de agosto, a áudiossérie França e o Labirinto, original Spotify e produzida pelo Jovem Nerd, tem Selton Mello na pele do detetive cego Nelson França numa trama de tirar o fôlego, com muita ação e reviravoltas. Os maus bocados pelos quais o investigador passa na perseguição de um perigoso serial killer vieram da mente de dois velhos conhecidos do universo JN: Leonel Caldela e Fábio Yabu.

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Mestre implacável e impiedoso dos NerdCasts RPG Call of Cthulhu, da nova saga Ghanor e autor dos romances de A Lenda de Ruff Ghanor e Ozob, Caldela ajudou a burilar os primeiros rascunhos de França e o Labirinto, concebendo a trama em parceria com Alexandre Ottoni, o Jovem Nerd, e Deive Pazos, o Azaghal. Caldela explica:

“Quando comecei a trabalhar com Alexandre e Deive em a Lenda de Ruff Ghanor e vimos que a parceria deu certo, a gente começou a enlouquecer com ideias. Os dois são máquinas! [risos] No meio disso, surgiu um conceito básico que era contar uma história de investigação com um personagem principal cego. O desafio era fazer o ouvinte ter a maior imersão possível na experiência. Não termos narração, pensamentos, nada.”

Na trama, Nelson França (Selton Mello) retorna à ação após ser chamado para investigar um crime. Ao lado do fiel cão-guia Bonaparte, o protagonista se perde numa labiríntica investigação a um antigo serial killer, que pode (ou não) ter voltado à ativa.

Leonel Caldela bolou a base do roteiro com Jovem Nerd e Azaghal. Foto: Jovem Nerd/Divulgação

Se a premissa básica da áudiossérie veio do trio, o tempero que faltava para a mistura toda dar sopa veio do também escritor e roteirista Fábio Yabu. Veterano do NerdCast e autor de Independência ou Mortos, Branca dos Mortos e os Sete Zumbis e a HQ Os Sussurros do Caos Rastejante, baseada no NerdCast RPG Call of Cthulhu, Yabu relembra:

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“Leonel e os meninos tinham uma versão preliminar da história, mas sentiam falta de uma pegada mais serializada, Hollywoodiana. Fui chamado para dar uma condensada no formato e na adaptação para a narrativa em áudio.

São de Yabu, por exemplo, detalhes importantes como a mitologia ritualística por trás do assassino alvo da investigação de França, e muito das relações do detetive com personagens coadjuvantes, como a ex-esposa, Ângela (Maíra Góes), e o malandro colega policial Noronha (Jorge Lucas). Caldela brinca:

“Costumo dizer que eu cheguei com o França e o Yabu trouxe o labirinto!”

Construindo França

É lógico que uma boa história precisa de um bom protagonista. Nelson França ganha vida pela voz e interpretação de Selton Mello, estrela de produções icônicas do audiovisual brasileiro como O Auto da Compadecida (2000) e Lisbela e o Prisioneiro (2003).

De humor sacana e sagacidade afiada, o personagem França salta das páginas do roteiro com uma personalidade única e brasilidade contagiante, também fruto do trabalho a várias mãos. Mas até o destemido protagonista teve sua cota de mudanças ao longo do tempo.

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“Meu primeiro conceito para o França era um personagem muito bom no que fazia, mas também autodestrutivo. Não no lado truculento, mas como um cara que consegue falar com todo mundo, só é ruim para ele mesmo. Era um personagem mais dark, acabado… O Yabu trouxe uma relação diferente dele com os personagens. As cenas com a Ângela, por exemplo, ganharam uma leveza, uma delicadeza… E depois veio a leitura do Selton, que foi o que mudou completamente o França. Ele sempre quis esse toque de humor. Nas primeiras leituras de roteiro, ele bolou essas zoeirinhas, as manias do França, e tudo funcionou”, explica Leonel.

Quem conferir os 13 episódios da áudiossérie, lançados de uma vez no Spotify, vai se deparar com o Nelson França obstinado e rigoroso, mas que nunca perde a piada, mesmo com a vida pessoal desmoronando ao próprio redor.

“Selton trouxe essa veia para o França já com o roteiro na mão. Temos um personagem muito brasileiro. Isso acabou sendo o diferencial do detetive sisudo, meio CSI, que a gente tá acostumado, aquele arquétipo muito americano”, diz Yabu.

Fábio Yabu trouxe narrativa seriada a França e o Labirinto. Foto: Jovem Nerd/Divulgação

Explorando o labirinto

Utilizando a tecnologia de áudio binaural, já usada, por exemplo, para dar intensidade ao horripilante Nyarlathotep, do NerdCast RPG Cthulhu, França e o Labirinto é toda contada quase em primeira pessoa por Selton Mello. Toda a ação acontece em volta do protagonista, sem o uso de flashbacks, balões de pensamento ou coisas do tipo. Se algo acontece ou aparece na investigação de França, é porque o próprio protagonista passou pela ação.

Isso se tornou o maior desafio para Leonel Caldela e Fábio Yabu, que quebraram a cabeça para bolar a narrativa de forma a acomodar essa necessidade do formato. Caldela diz:

“Foi uma das coisas mais difíceis. No início, pensamos em dar um diário ao França. Algo que ele gravasse para si mesmo, mas não funcionava com a história. A solução que encontramos foi utilizar os personagens para contar a história. Se o França entra num Uber, ele precisa saber o local a que está indo. Desse jeito, nada fica artificial.”

Yabu completa que o desafio também foi estimulante para novas saídas de roteiro:

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“Não temos flashbacks, então precisamos pensar em outras maneiras de contar a história. Se ele quer lembrar algo que aconteceu, por exemplo, ele busca fitas VHS antigas, ou arquivos e pastas.”

Sou todo ouvidos

Como a sinopse indica, Nelson França é cego. Mas não espere um personagem com instintos sobrehumanos, como o Demolidor da Marvel, ou também que tal característica seja um impedimento às ações do herói.

É que a série teve consultoria de acessibilidade de Lucas Radaelli, engenheiro do Google e velho conhecido dos ouvintes do NerdCast (ouça aqui). Cego desde a infância, Radaelli ajudou a construir este lado do personagem, a partir de uma vivência com Leonel Caldela, que diz:

“Tivemos a preocupação de ouvir uma pessoa que é cega. Passei dias com o Lucas, acompanhando a rotina dele para aprender tudo. Eu perguntava o que ele faria em situações que estariam na série, e sempre vinham dicas valiosas. Tem algo que ele me falou que nunca vou esquecer. Uma hora, perguntei qual vantagem um detetive cego teria. E ele respondeu: ‘Nenhuma’. E soou muito verdadeiro. Foi algo que levamos para o roteiro e sinto que, sem o Lucas, essa história nunca teria a mesma verdade.”

França e o Labirinto chega com 13 episódios ao Spotify em 29 de agosto. A áudiossérie estará disponível tanto para os assinantes premium quanto na versão gratuita da plataforma. Luiz Carlos Persy, Maíra Góes e Jorge Lucas completam o elenco principal de vozes, sob direção de Fernanda Baronne.

Entre um episódio e outro, siga de olho no NerdBunker para cobertura completa da áudiossérie e novidades sobre a vida, o universo e tudo mais. Aproveite e siga a gente nas redes sociais Twitter, Instagram e TikTok, e entre no nosso grupo no Telegram.