Ninguém aguenta mais essa coisa de ter que assistir a outros filmes e séries para começar novos filmes e séries. Por isso, você pode até receber com certo ranço a recomendação de assistir a Star Wars: Rebels antes de conferir a série live-action de Ahsoka. E você estaria certo, se não fosse um detalhe: Rebels é a produção que o tão maltratado fã de Star Wars merece.
Nos últimos anos, o público vem reclamando (com razão) que muitos filmes e séries da saga estão deixando a desejar. Muitas das críticas são acompanhadas por ideias de como seria uma boa produção de Star Wars, descrições que, curiosamente, costumam descrever o que é encontrado em Rebels.
A animação voltou ao debate com a chegada de Ahsoka, nova série live-action que terá ligações com a animação, incluindo o retorno de seus protagonistas. Porém, seria injusto recomendar Rebels apenas como preparação para assistir a uma outra produção. Portanto, reunimos abaixo algumas das principais razões para que você dê uma chance a ela.
Fica o aviso de que a lista terá leves spoilers, mas isso não deve te impedir de assistir à produção. Se você não conferiu Rebels até agora, talvez saber que ela mostra o último encontro entre Obi-Wan Kenobi e Darth Maul, por exemplo, te faça assistir logo. Calma, a gente vai explicar isso melhor abaixo.
1 – Personagens e histórias que valem a pena
Rebels acompanha Ezra Bridger, um órfão que se vira para sobreviver em Lothal, um dos planetas afetados pelo maligno Império Galáctico. Por acidente, seu caminho se cruza com os Espectros, um grupo que se opõe ao governo e se esforça para sobreviver mediante a ele. Assim, Ezra conhece o Jedi Kanan Jarrus, a piloto Hera Syndulla, a mandaloriana Sabine Wren, o lasat Zeb Orrelios e o droide Chopper.
O primeiro trunfo da equipe é ser formada por diferentes tipos de personagens do Universo Star Wars. Apesar do grande foco nos Jedi – com Ezra se tornando aprendiz de Kanan – e na formação da Aliança Rebelde, a produção também se dedica a mostrar outros ângulos dessa galáxia tão, tão distante.
As possibilidades dessas novas perspectivas são aproveitadas com personagens cativantes e fáceis de se relacionar. Mais do que arquétipos ambulantes, eles têm jornadas envolventes que fazem com que o espectador se torne parte da tripulação. Trajetórias que se tornam grandiosas conforme a série avança, já que o início contido pode fazer parecer que a produção não os levará tão longe.
2 – Bastidores da criação da Aliança Rebelde
Rebels se passa pouco após os eventos do Episódio III – A Vingança dos Sith (2005), o que a situa bem nos primeiros anos da dominação do Império. Portanto, é natural que vejamos uma Aliança Rebelde ainda engatinhando, e a animação mostra isso de forma muito interessante.
Quase sem saber, o time Espectro toma parte na revolução e os caminhos de sua jornada influenciam no da Aliança Rebelde, e vice-versa. Um desenvolvimento que encanta fãs novos e ajuda a entender como se formou a organização que é fundamental para a saga. Algo parecido com o que aconteceu em live-action na série Andor – não por acaso, Cassian Andor usa em Rogue One (2016 ) o codinome “Fulcrum”, o mesmo usado por Ahsoka Tano em Rebels.
3 – Respeito à mitologia Jedi
Outro ponto importante digno de nota em Rebels é a forma como a série trata a mitologia em torno dos Jedi. Com a difícil missão de conciliar um público novo e velhos fãs, a produção usa o próprio protagonista Ezra para explicar as habilidades e filosofias da antiga Ordem. O equilíbrio é fundamental para que essa parte seja educativa para os novatos e recompensadora aos mais experientes.
A exploração do papel do Jedi neste período da história não só é condizente com o que vem a seguir – no caso, o Episódio IV: Uma Nova Esperança (1977) –, como também é aproveitada de uma forma esperta. Aproveitando o conceito de que os Jedi eram caçados pelo Império, Rebels apresentou os Inquisidores, guerreiros sensíveis à Força que foram cooptados pelo Lado Sombrio para caçar os cavaleiros restantes. Vale lembrar que, anos depois, eles apareceram na série Obi-Wan Kenobi, mas sem o charme mostrado na animação.
Além das novas ameaças, a produção também explora diferentes formas de sentir e utilizar a Força, que são apresentadas e desenvolvidas durante o treinamento de Ezra. Uma jornada desenvolvida aos poucos em uma série com tempo disponível para dar atenção a um dos pontos mais importantes desse universo.
4 – Ligações com outros filmes e personagens da saga
Outro ponto positivo de Star Wars: Rebels é a forma como a série incorpora personagens e enredos de outros longas e séries da saga. Vários personagens dos filmes aparecem na animação, que é situada entre as duas primeiras trilogias dos cinemas. Para guardar as surpresas, não vamos fazer uma lista de quem aparece, mas, para ilustrar, vamos usar a cota de spoiler citada na introdução do texto [você foi avisado].
Rebels mostra o encontro final entre Darth Maul e Obi-Wan Kenobi, rivalidade estabelecida no Episódio I – A Ameaça Fantasma (1999). Sem muitos spoilers, é possível dizer que a animação incorpora essa longa inimizade e a trata com o devido respeito. E o melhor, o faz sem parecer um fan service gratuito, mas sim como parte da jornada de Ezra Bridger e companhia.
5 – Justiça para o Grande Almirante Thrawn
Na década de 1990, Star Wars ganhou capítulos inéditos nos livros. Anos antes de ganhar novos filmes, a saga continuou em uma trilogia de romances situados após os eventos do Episódio VI – O Retorno de Jedi (1983). Criada por Timothy Zahn, essa linha narrativa mostrou Luke Skywalker, Leia Organa, Han Solo e companhia unindo forças para deter o maligno Grande Almirante Thrawn, que reuniu o que sobrou do Império para destruir a Nova República.
Sucesso de público e crítica, por muito tempo, essa foi a continuação oficial da trilogia clássica de Star Wars. Isso até a Disney comprar a LucasFilm e apagar as histórias do cânone, levando Thrawn junto. Adivinhe onde isso mudou?
Thrawn voltou a fazer parte da saga oficialmente em Star Wars: Rebels, em que desempenhou papel importante como vilão. Mais do que fazer justiça a um inimigo popular entre os fãs, a participação dele é fundamental para a história e ajuda a ampliar o vasto universo da saga.
Caso você não tenha visto Rebels ou lido os livros, mas esse nome não lhe é estranho, há uma boa razão para isso. Em sua aparição em The Mandalorian, Ahsoka Tano diz que está procurando por Thrawn. A razão para essa busca, que deve influenciar a série da Jedi, você descobre em Rebels.
6 – As ligações entre Rebels e Ahsoka
Tá certo, a gente abriu o texto falando que não iria focar nas ligações entre Rebels e Ahsoka, mas talvez seja interessante citar por que uma prepara para a outra. Em primeiro lugar, a nova série live-action vai aproveitar ganchos deixados pela animação, como a busca de Ahsoka pelo Grande Almirante Thrawn.
Além disso, a nova produção contará com muitos dos personagens que apareceram anteriormente lá. É o caso do próprio Thrawn, que será interpretado pelo dublador original, Lars Mikkelsen, e também de Ezra (Eman Esfandi), Hera (Mary Elizabeth Winstead) e Sabine (Natasha Liu Bordizzo). Até o droide Chopper vai retornar.
É claro que os responsáveis por Ahsoka sabem que nem todos os espectadores terão assistido a Rebels e devem fornecer contexto para que novos chegados curtam a jornada. Porém, quem tiver acompanhado as aventuras anteriores desses personagens certamente pescará camadas que passarão batido pelos novatos. E que bom seria se todo “dever de casa” fosse tão prazeroso quanto assistir a uma das melhores séries do universo Star Wars.
As quatro temporadas de Star Wars: Rebels estão disponíveis para streaming no Disney+. A plataforma será casa de Ahsoka, que estreia com episódio duplo em 23 de agosto. Fique de olho no NerdBunker para mais informações e aproveite para nos seguir nas redes sociais Twitter, Instagram e TikTok, e entre no nosso grupo no Telegram.