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Quem é Erzsébet Báthory, serial killer que inspira vilã de Castlevania: Noturno

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Não é de hoje que obras da cultura pop como filmes, séries, quadrinhos e jogos se inspiram em acontecimentos ou figuras históricas da vida real — até mesmo se forem referências um tanto mórbidas, como assassinos em série, tragédias e afins.

Esse é o caso de Erzsébet Báthory (também referida como Elizabeth Báthory), uma condessa húngara do século XVI que, segundo lendas conhecidas, assassinou e torturou centenas de jovens mulheres para se banhar no sangue e tentar preservar a juventude. Apelidada de “Condessa Sangrenta”, ela é considerada como uma das serial killers mais sanguinárias da história.

Naturalmente, as lendas de Báthory inspiraram histórias da ficção que envolvem pessoas e criaturas com sede de sangue ou gana por vaidade, como a HQ Sexteto Secreto da DC Comics, a série American Horror Story e os filmes Hellboy: Blood and Iron (2007), A Condessa (2009) e Demônio de Neon (2016).

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Outra franquia conhecida que também se inspirou (e até mais de uma vez) na condessa é Castlevania, que começou nos jogos e consequentemente expandiu para outras mídias. Em 1994, foi lançado Castlevania: Bloodlines para Mega Drive, que apresentava Elizabeth Bartley como vilã — sobrinha de Drácula e uma inspiração direta em Báthory.

Agora, o universo da franquia aposta novamente na ideia com Castlevania: Noturno, série animada da Netflix que deriva do aclamado Castlevania, exibido entre 2017 e 2021. Erzsébet Báthory será uma antagonista na nova animação, o que fez as lendas da “Condessa Sangrenta” voltarem à tona.

Então, para dar aquela refrescada histórica na mente dos fãs e entender como a serial killer pode influenciar a vilã de Noturno, decidimos relembrar a lenda envolvendo Báthory.

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As lendas de Erzsébet Báthory

Antes de mais nada, é importante frisar que sim, Erzsébet Báthory realmente existiu. No entanto, os relatos de assassinatos, torturas e crueldades são consideradas como lendas, uma vez que ninguém sabe com toda a certeza o que aconteceu. Existe até a especulação de uma possível conspiração envolvendo a condessa húngara.

Então, com base em informações do National Geographic, vamos contar a versão mais popular da lenda.

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Uma pintura de 1614 de Erzsébet Báthory, feita um autor desconhecido, possivelmente um descendente da família Báthory (Imagem: Museu Nacional da Hungria/Google Arts & Culture/Reprodução)

Erzsébet Báthory nasceu em 1560, na Hungria, e fazia parte de uma família rica e influente, que formava a dinastia que governava a Transilvânia (hoje, uma região da Romênia) na época.

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Apesar de nascer em um berço de ouro, ela teve uma infância conturbada por ter convulsões ocasionadas por uma possível epilepsia, doença que não era compreendida no século XVI e fazia as pessoas dizerem que ela tinha um “mal interior”. A garota também presenciou momentos de brutalidade da própria família contra servos, que diariamente eram açoitados e até executados de forma pública.

Aos 15 anos, Báthory foi obrigada a se casar com o Conde Ferenc Nádasdy, filho de um barão influente de uma família aristocrata da região, e eventualmente se mudou para morar com o marido, no Castelo de Čachtice (ou Castelo de Csejte, em húngaro), que atualmente é localizado na Eslováquia.

Segundo historiadores, Nádasdy tinha o costume de impor castigos pesados e cruéis aos servos do casal e camponeses que moravam nos arredores da propriedade, usando uma câmara de tortura. Há especulações de que foi o próprio conde que ensinou e incentivou Erzsébet a cometer os mesmos atos de brutalidade, enquanto ele estava ausente por causa das guerras habsburgo-otomanas da época, e ela ficava no comando do castelo.

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Alguns relatos de torturas praticadas pelo casal envolviam mordidas ao ponto de arrancar pedaços de pele, usar luvas espinhentas para açoitamento, costurar bocas e banhar vítimas em mel para jogá-las em formigueiros.

Representação do artista István Csók das torturas de Báthory, na qual a condessa joga água em servas nus (Imagem: Palace of Fine Arts Theatre/Reprodução)

Em 1604, Nádasdy morreu por complicações de uma infecção na perna, e a viuvez teria deixado Báthory mais violenta. Foi nesse período que relatos do sumiço de meninas começaram a assolar a região.

Segundo a lenda mais popular, a condessa teria uma obsessão com vaidade e assassinava mulheres virgens para se banhar com o sangue e tentar manter a juventude. A estratégia era persuadir jovens para o castelo com a oferta de emprego, mas elas nunca mais eram vistas. Relatos apontam que o número de vítimas é de entre 35 e 600 moças.

Os rumores sobre o sadismo de Báthory se espalharam rapidamente na época. De acordo com o linguista Tony Thorne, os camponeses passaram a esconder o fato de que tinham mulheres jovens na família para evitar as ofertas de serviço para o Castelo de Čachtice.

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Os atos cruéis de Báthory começaram a ser investigados após a “Condessa Sangrenta” supostamente assassinar moças de baixa nobreza — ou seja, de uma classe mais alta do que camponesas.

“Matar servos, que de fato tinham menos direitos, era cruel, mas não ilegal para um nobre da época. Agora, matar nobres, mesmo aqueles de nível inferior, era um problema mais sério que não podia ser ignorado pelas autoridades”, afirma Rachael Bledsawor, historiadora da Highline College.

O então rei da Hungria, Matias II, abriu uma investigação em 1610 e, após coletar testemunhos na região e encontrar restos mortais dentro do castelo, a prisão de Erzsébet Báthory foi declarada. Ela, no entanto, foi condenada a passar o resto da vida aprisionada no próprio Castelo de Čachtice, onde morreu quatro anos depois, aos 54 anos de idade.

A condessa foi primeiramente enterrada no terreno da igreja de Čachtice, mas os habitantes da região se revoltaram contra seu sepultamento, o que forçou a realocarem seu corpo para o túmulo da família Báthory, localizado na cidade em que ela nasceu, na Hungria.

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O Castelo de Čachtice abrigou outros nobres após a morte de Báthory, mas foi destruído em 1715 durante uma guerra. Em 1799, o local ainda sofreu um incêndio, o que reduziu o que restava do castelo em ruínas (Imagem: Wikimedia Commons/Reprodução)

Essa é a lenda que se popularizou ao decorrer dos anos. No entanto, existe uma segunda versão, alegando que Báthory pode ter sido vítima de uma conspiração. Isso porque, após a morte de seu marido, a tutela da família foi passada para György Thurzó, primo de Erzsébet, que também atuou como o principal investigador das acusações contra ela.

Segundo historiadores, é possível que os crimes tenham sido relatados de forma brutal para desacreditar as palavras da condessa, que tinha posses valiosas como uma grande fortuna e territórios estratégicos para a guerra da época, além de ser uma das poucas nobres protestantes em um reino católico, sendo uma ameaça política. Os restos mortais dentro do castelo, por exemplo, seriam de soldados feridos dos períodos de guerra, que tentaram ser tratados ali, e não vítimas de um banho de sangue.

Há especulações de que até mesmo o rei devia dinheiro a Báthory, o que fez um pacto acontecer entre György, Matias II e Nikola IV Zrinski (soldado croata que servia Habsburgo, dinastia que governava boa parte da Europa na época), envolvendo quem ficaria com parte das propriedades. Alguns afirmam que György não agiu apenas por interesse próprio, mas também queria salvar a prima da morte (a mandato de Matias II), então finalizou o acordo para mantê-la aprisionada.

No entanto, investigadores da época — assim como historiadores hoje — afirmam que mais de 300 relatos e evidências materiais foram registrados sobre a crueldade de Erzsébet Báthory, o que supostamente seria impossível de forjar.

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Seja como for, a lenda da “Condessa Sangrenta” viveu por mais de 400 anos e acabou servindo de inspiração para diversas obras da cultura pop, como já mencionado anteriormente. Vale lembrar que alguns escritores acreditam que Báthory serviu de inspiração para até mesmo o clássico livro Drácula, de Bram Stoker, publicado em 1897.

Báthory em Castlevania: Noturno

A silhueta de Erzsebet Báthory no trailer de Castlevania: Noturno (Imagem: Netflix/Divulgação)

Ao que tudo indica, Erzsebet Báthory é a principal vilã de Castlevania: Noturno.

A parte curiosa é que não parece se tratar de uma personagem inspirada nela (como Elizabeth Bartley, de Castlevania: Bloodlines), mas sim a própria “Condessa Sangrenta” em uma versão vampiresca. Em vez de se banhar em sangue, ela o bebe.

Segundo a sinopse, a Báthory da série animada é descrita como a “rainha dos vampiros” e colocará planos para dominar o mundo em prática. Mas as informações param por aí, então nos resta esperar para ver.

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Castlevania: Noturno estreia no dia 28 de setembro na Netflix.

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Fonte: National Geographic // Nerdologia

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