Não é novidade que animes e mangás, assim como a cultura asiática de forma geral, são uma paixão fervorosa entre brasileiros. Exatamente por isso, o país tem a presença de várias empresas e distribuidoras do segmento — e a Artworks Group se juntou recentemente a elas, conquistando um espaço cada vez maior no Brasil.

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Em poucas palavras, a Artworks é um “supergrupo” de empresas com foco na área de animações japonesas, com sedes em vários países ao redor do mundo, como Estados Unidos, México e, é claro, Japão.

Entre 2019 e 2020, a atenção do grupo se voltou para o Brasil, com a intenção de cobrir toda a América Latina. A ideia deu certo e, em pouco tempo, a Artworks Brasil surgiu e passou a atuar com duas frentes — a Artworks Entertainment e a Artworks Digital Studio (ADS) —, que estão crescendo rapidamente desde então.

Banner oficial da Artworks Entertainment (Imagem: Artworks/Divulgação)

Para entender melhor e calibrar as expectativas otaku dentro de nós, tivemos a oportunidade de conversar com Rodrigo “Rod” Rossi, atual diretor executivo da Artworks Brasil, durante o Anime Friends 2023. Durante o papo, ele explicou como o grupo se instalou em território nacional e quais frutos podemos esperar disso.

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Como a Artworks atua no Brasil

A primeira frente, a Artworks Entertainment, é focada em licenciamento de marcas, conteúdos audiovisuais, publicidade e marketing de várias franquias de animes, que estão com a Artworks nesse sentido — como Neon Genesis Evangelion, Attack on Titan e, conforme foi revelado exclusivamente ao NerdBunker, Astro Boy.

Isso significa que essa parte da empresa é responsável, por exemplo, pela liberação dos direitos de criação de produtos oficiais e nacionais dessas animações japonesas, que vão desde roupas e alimentos até figures e brinquedos.

O clássico Evangelion foi anunciado recentemente como disponível para licenciamento no Brasil (Imagem: Artworks/Divulgação)

Além disso, o outro “braço” que atua em território brasileiro é a Artworks Digital Studio (apelidada de “ADS”), um estúdio de localização e pós-produção, que foi responsável pela recente dublagem de Fairy Tail e dos filmes de Attack on Titan (intitulados Guren no Yumiya, Jiyu no Tsubasa e Kakusei no Hoko), além da vindoura remasterização de Cardcaptor Sakura.

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Vale reforçar que, conforme o catálogo do site oficial da Artworks, a empresa retém direitos diferentes dependendo do anime. Portanto, alguns são apenas licenciamento de merchandising (ou seja, produtos), enquanto outros já englobam distribuição e localização em português brasileiro.

As franquias das quais o grupo retém ambos os direitos atualmente, para atuar tanto com a Artworks Entertainment quanto com a ADS, são Cardcaptor Sakura, Fairy Tail, Future Boy Conan, Kids on the Slope e Magical Angel Creamy Mami.

Por trás da Artworks Brasil

Com tantos animes, licenciamentos e projetos em jogo, a Artworks Brasil é liderada (como já mencionado anteriormente) por Rodrigo “Rod” Rossi, que também é músico, compositor e dublador.

Rossi, na verdade, começou a vida profissional nos animes com a música, em 2008, quando foi escalado para dirigir e gravar as canções de abertura e encerramento de Os Cavaleiros do Zodíaco: The Lost Canvas. Desde então, trabalhou em vários outros projetos de peso do tipo, como Dragon Ball Kai, Os Cavaleiros do Zodíaco: Ômega, Dragon Ball Super e Os Cavaleiros do Zodíaco: Alma de Ouro, ganhando um grande reconhecimento na área.

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Antes da entrevista, Rossi cantou no Anime Friends 2023, representando bem como concilia a vida de músico e de negócios no mundo dos animes (Imagem: Belga/Reprodução)

No meio disso, o músico se aproximou da Toei Animation (estúdio da Toei Company, um dos mais conhecidos no Japão) e se manteve ativo na parte de negócios fora dos palcos, o que consequentemente o levou a conhecer a Artworks, em 2019.

Rossi participou de uma disputa pela licença de um anime no Japão e viu a vitória nas mãos da Artworks Group, que já era considerada como um “supergrupo” na época, com atuação na América Latina, mas não no Brasil — ainda. Foi então que forças foram unidas.

“Existe um muro entre a América Latina e o Brasil. Não apenas por causa do idioma, mas culturalmente também. […] Então o Japão, mais especificamente a Kodansha [uma das maiores editoras japonesas atualmente], sugeriu que nós nos juntássemos à Artworks para cobrir o território todo.”

A Artworks Brasil, então, surgiu em um cenário de ascensão, mas que também aconteceu no apogeu da pandemia da COVID-19, em 2020. Assim, os braços da empresa se enraizaram de forma remota, criando até uma logística diferente de dublagem, que começa a migrar para um sistema híbrido, incluindo o modelo presencial.

Seja como for, a chegada do “supergrupo” ao Brasil, segundo Rossi, visa principalmente a localização em português brasileiro, com a disputa de licenciamento de marcas como uma “subida de degrau”.

Com isso, as primeiras atuações da Artworks Brasil foram projetos da ADS em parceria com a Funimation (que acabou unificada com a Crunchyroll posteriormente), como a dublagem de Cowboy Bebop e a redublagem de Fullmetal Alchemist: Brotherhood, ambas em 2021.

Logo em seguida, a empresa também remasterizou e restaurou o clássico InuYasha, com o elenco original de vozes para a dublagem inédita de InuYasha: The Final Act e a regravação de cenas que foram censuradas do anime original na época em que foi exibido pela primeira vez na TV brasileira, no início da década de 2000. Fica apenas o reforço de que os três animes citados — Bebop, Fullmetal e InuYasha — não fazem parte do catálogo da Artworks, sendo projetos separados de dublagem comercial.

Todo o anime original, os filmes e até a temporada que ainda está por vir de Cardcaptor Sakura está com a Artworks para o Brasil (Imagem: Artworks/Divulgação)

Dada a largada no portfólio da Artworks Brasil, a empresa partiu para trabalhar em cima de marcas que estão em suas próprias mãos, como os já citados Cardcaptor Sakura, Fairy Tail, Attack on Titan e por aí vai.

Futuro promissor no Brasil

Assim como o protagonista de um shounen, a Artworks Brasil parece trilhar uma jornada de evolução e ascensão, com muitos desdobramentos — e licenciamentos, é claro — no meio do caminho.

“É uma empresa que cresce mais rápido do que eu consigo acompanhar. A cada mês, parece que tenho que criar uma empresa nova de tantas atividades que começamos a desdobrar”, explica Rossi.

O músico e diretor executivo também conta que a empresa está caminhando para um 2024 com projetos que nunca imaginou que colocaria as mãos, sem deixar de mostrar a empolgação de trabalhar com animes que sempre foi fã.

Por fim, Rossi afirma que a equipe da empresa está prestes a crescer e que podemos esperar por mais marcas se juntando ao “supergrupo” no futuro. O que a Artworks Brasil reserva para os próximos anos? Só nos resta esperar para ver.

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