Helldivers 2 é uma grande oportunidade de ingressar num co-op de tiro de respeito, com ação em terceira pessoa e batalhas sangrentas e imprevisíveis.
Quem vê o jogo novo mal consegue relacioná-lo ao primeiro game, com visão isométrica e jeitão indie. O que também não significa muita coisa, porque você não é obrigado a conhecer o passado da franquia para se divertir com o novo título.
Monte seu esquadrão e vá para a guerra
A propaganda militar que instiga pessoas comuns a ingressarem nos Helldivers, o esquadrão que luta para defender a Super Terra das forças malignas que querem o seu mal, funciona como uma paródia inspirada em Tropas Estelares (Starship Troopers) e todo o conceito de soldado espacial que geralmente é visto na cultura pop (com Aliens, Gears of War, Warhammer e todo mundo que grita “UH-RAA”).
Isso é o máximo que existe de história para convencê-lo a pegar o rifle de assalto e partir para o combate. E não tem problema, porque a ação do game fala por si. É tudo caótico, com tiro para todo lado e um monte de menus ingame, que aprendemos a utilizar aos poucos, depois de um primeiro mergulho num planeta que está infestado por insetos gigantes que querem nossa cabeça.
Apesar do foco ser o cooperativo – você e mais três jogadores formam um time para cumprir as missões propostas em cada um dos planetas listados para o combate –, é possível passar algumas horas jogando sozinho, em dificuldades mais brandas, para aprender os macetes da jogatina. Dá para se arriscar nos modos mais difíceis também, se preferir, mas as chances de sucesso são extremamente reduzidas.
Não é preciso esperar por amigos para jogar. Em teoria, o sistema de pareamento o direciona o jogador para a ação, mas, por conta de inúmeros problemas de servidores que a Arrowhead vem passando recentemente, há uma limitação de jogadores atualmente (450 mil) e uma promessa de corrigir todos os problemas decorrentes disso – sendo que um deles impossibilita o jogador de ganhar as recompensas após o término da missão (falamos mais sobre isso abaixo).
No entanto, com seu esquadrão de amigos, as coisas ficam mais divertidas e coordenadas. Conversar durante as missões, por exemplo, faz toda a diferença, já que a decisão de um vale por todos, principalmente na hora de pedir o resgate. É um jogão, mas fica muito melhor quando jogado com os amigos.
Não sei se todo mundo jogou o primeiro Helldivers, mas uma coisa que continuou do jogo anterior foi o progresso unificado entre os jogadores para “salvar” a galáxia. Todo o log de combate é registrado e passa a informação de que, de alguma maneira, você contribuiu com a liberação da galáxia como um todo. Assim, se por acaso você entrar hoje no jogo, vai ver um monte de planetas livres de ameaças, porque os jogadores já os liberaram anteriormente.
Felizmente isso não te impede de repetir uma determinada missão, mas as chances de encontrar jogadores dispostos a fazer um grupo aleatório com você serão mais escassas já que, atualmente, todo mundo está tentando matar os robôs malignos das galáxias mais distantes do universo.
Equipe-se para o combate
Helldivers 2 trabalha muito bem o sistema de recompensa no jogo, com um arsenal poderoso que vai sendo destravado à medida em que você sobe de nível. Mas não basta só nível, é preciso também coletar recursos no cenário e acumulá-los para utilizar como moeda de troca para alguns upgrades no seu destroyer.
Existem também microtransações em que os jogadores podem comprar, com dinheiro de verdade, novas vestimentas e até mesmo algumas armas, saindo um pouco na frente de quem quiser farmar os recursos – mas, vale ressaltar, todos os recursos podem ser adquiridos ingame, não há a necessidade real de comprar nada.
Quem optar por isso pode demorar um pouquinho a mais para destravar os equipamentos mais legais do jogo, mas isso não é de fato um problema. Caso seu jogo seja pareado com um jogador de nível mais alto, ele já pode utilizar os recursos no combate geral e ajudar o time. Nesse caso, a sua única missão é sobreviver até o resgate.
A noção de nível de personagem também é excelente, e o jogador não fica com a sensação de repetir uma ação a troco de nada. Refazer missões constantemente faz parte do processo e a experiência é menos chata do que aparenta. Isso porque o gameplay é divertido e um tanto imprevisível por conta do fator humano.
Combate (quase) real
Uma das qualidades que mais diferencia Helldivers 2 de outros jogos de tiro em terceira pessoa, é como ele limita os recursos do jogador na hora de mandá-lo para o confronto. As ameaças, sempre em maioria absoluta, vão sufocar os jogadores sempre que puderem.
Cada missão, por mais repetitiva que seja com o passar das horas, sempre reserva um “quê” de surpresa, já que não sabemos como os inimigos vão se comportar e nem se nossos companheiros estarão em sincronia. O famigerado “fogo amigo” é um perigo real, e sempre tem aquele “sem noção” do time que gosta de passar na frente do fogo cruzado, ou pedir uma ajuda de bombardeio aéreo no lugar errado — no caso, o exato lugar onde a sua equipe está.
Some isso a uma munição contada, que descarta as balas que sobram no pente de troca, e um sistema de dano crítico que, mesmo sem causar muito estrago à vida, pode lhe privar de um braço ou uma perna, o que dificulta o uso de armas e até mesmo a sua mobilidade.
É a união de todos esses detalhes que deixam a experiência do gameplay tão divertida e original. Alguns cenários ainda dificultam a visualização do inimigo com névoas, camuflagem ou pouca luminosidade, deixando as coisas mais incríveis e caóticas. Vencer uma incursão no difícil faz parecer que realmente acabamos de voltar de uma guerra em que a vitória faz toda a diferença para a conquista da galáxia.
Problemas no front
É impossível, no entanto, ignorar o fato de que o próprio sucesso do game está comprometendo seu funcionamento. Como dito lá em cima, a Arrowhead vem passando por maus bocados na hora de conciliar servidores e o massivo número de jogadores que se interessaram por Helldivers 2.
Atualmente, o game passa por uma situação, no mínimo estressante. Apenas uma parcela dos jogadores consegue acessar o game, enquanto o resto precisa esperar uma chance de ingressar na chacina contra os insetos. Os problemas vem acontecendo desde o lançamento, mas agora alcançaram seu momento crítico, e o estúdio decidiu limitar o acesso dos servidores do game a apenas 450 mil jogadores para evitar instabilidades.
Mas o descontentamento geral não parece fazer com que os jogadores abandonem o game. Pelo contrário. Apesar das constantes reclamações, uma vez que os servidores voltam a funcionar novamente, todo mundo corre para o online em busca de experiência no jogo.
Helldivers 2 não esconde surpresas na história ou procura dar profundidade a algum tipo de narrativa. O título é um game de repetição, em que você vai ficando mais forte, destravando novos aparatos de guerra e seguindo para incursões mais difíceis. Não tem praticamente nada além disso. Mas o simples aqui é suficiente para fazê-lo brilhar, principalmente aos olhos da galera que gosta desse tipo de ação.
Esta review foi feita no PlayStation 5. Helldivers 2 está disponível para PlayStation 5 e PC.
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