Por todas as métricas convencionais, a série de TV de Halo é um sucesso. A primeira temporada não só teve média de 70% de aprovação crítica no Rotten Tomatoes, como também teve audiência forte o bastante para garantir uma renovação adiantada pelo Paramount+. Curiosamente, essa não é a imagem que se tem ao ver reações dos fãs dos games na internet, que reclamam das várias mudanças feitas pela produção, mesmo que fidelidade nunca tenha sido a intenção inicial.

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Felizmente, isso não abalou a equipe, e o seriado segue confiante na própria visão. O NerdBunker assistiu aos quatro primeiros episódios da segunda temporada, repletos de intrigas, dramas pessoais e eventos importantes do universo da franquia.

[Cuidado! Leves spoilers da 2ª temporada de Halo abaixo]

Na nova leva de capítulos, que começou a ser transmitida pelo Paramount+ nesta quinta-feira (08), as coisas ficam mais tensas para Master Chief (Pablo Schreiber) e para a humanidade, como um todo. Após desafiar a autoridade da UNSC, o Spartan sofre com a ausência da inteligência artificial Cortana e com a sensação de que está na “coleira” de seus superiores.

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Esse sentimento é potencializado pela chegada de James Ackerson (Joseph Morgan), oficial da ONI, o Escritório de Inteligência Naval que é praticamente a CIA desse universo. De cara, a relação dos dois é turbulenta, especialmente por Ackerson estar tomando o posto que era de Catherine Halsey (Natascha McElhone), a criadora do Programa Spartan. Mesmo recém-chegado, ele bota ordem na casa, e parece saber mais sobre Chief do que o próprio gostaria de compartilhar.

Além de ser um rival a altura do Master Chief, James Ackerson traz gosto de conspiração à trama [Créditos: Halo/Divulgação]

Ao mesmo tempo, a raça humana beira uma intensa guerra contra a Covenant, a irmandade de raças alienígenas, com exércitos poderosos e objetivos nebulosos. A temporada anterior já havia estabelecido a ameaça, capaz de “vitrificar” a superfície de planetas com intermináveis raios de plasmas, mas tudo acontecia nos confins da galáxia. Dessa vez, os alienígenas se aproximam da humanidade ao atacarem Reach, principal colônia humana fora da Terra.

É na junção desses dois âmbitos que a série de Halo se estabelece: as crises pessoais e a guerra em larga escala. A abordagem já estava presente no ano anterior, mas a segunda temporada parece ter entendido melhor o delicado equilíbrio entre os dois lados, complementando a jornada de autodescobrimento do Master Chief com a iminência do conflito em uma trama com toques de thriller de ficção científica.

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Há uma pegada muito parecida com Hunt the Truth, audiodrama da franquia em que um jornalista é caçado pela ONI após desvendar segredos obscuros do Master Chief. Na série, ver o Spartan batendo cabeças com essa organização misteriosa tem muito potencial.

Série com personalidade própria

2ª temporada de Halo melhora ação e acerta no equilibrio entre dramas pessoais e grandes conflitos [Créditos: Divulgação]

É satisfatório, também, que a produção não se rendeu às demandas dos fãs e mudou de curso de última hora. Ao que tudo indica, a narrativa que se iniciou lá atrás segue sendo tocada da mesma forma, só que agora se torna mais empolgante por ter identidade melhor definida e por tocar em grandes eventos do cânone. A trama finalmente alcançou um dos jogos — o excelente Halo: Reach (2010), no caso —, mas a série ainda vê liberdade para reinterpretar tudo como bem entende, usando apenas a progressão geral da história original como base para a versão que quer contar.

Isso não quer dizer que a segunda temporada continua exatamente igual a primeira. A maior melhoria acontece em relação às cenas de ação, que são mais frequentes e melhor trabalhadas. Parece que a série parou de tentar emular a estética dos jogos, e passou a investir em coreografias melhores para a porradaria, perseguições intensas e até cenas de tiroteio mais complexas.

Em contrapartida, a qualidade dos efeitos visuais decaiu bastante. Enquanto os ambientes e elementos de ficção científica são bem trabalhados, qualquer personagem em movimento — seja Spartan ou alienígena — parece datado e destoante. A ação é boa, mas a computação gráfica que deixa a desejar pode até tirar a imersão de algumas cenas.

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De qualquer forma, Halo trilha caminho próprio com confiança na segunda temporada, o que é ótimo. Televisão precisa de tempo e paciência para ser construída, e a produção precisa ter objetivos próprios para não se deixar levar por alvoroços na internet. Sempre há a possibilidade de cometer alguns deslizes, claro, mas o seriado merece a oportunidade de andar ou tropeçar com as próprias pernas.

Os dois primeiros episódios da segunda temporada de Halo já estão disponíveis no Paramount+, e a transmissão dos demais acontece semanalmente, às quintas. A primeira temporada também está no catálogo do streaming.