Os especiais de 60 anos de Doctor Who, escritos por Russell T Davies, marcam uma celebração grandiosa para a icônica série britânica de ficção científica. Transmitidos entre 25 de novembro e 9 de dezembro de 2023 na BBC One no Reino Unido e Irlanda, e no Brasil pelo Disney+, os três episódios são um presente aos fãs e uma lembrança do motivo dessa série continuar a encantar e emocionar.
Tais capítulos seguem a estrutura das temporadas passadas comandadas pelo showrunner. “The Star Beast” inicia as comemorações com uma aventura leve e descontraída para toda a família, lembrando os marcantes episódios de abertura de temporadas, como “Rose” ou “Partners In Crime”.
Já “Wild Blue Yonder” resgata as reviravoltas peculiares típicas dos episódios de meio de temporada, como vimos em favoritos dos fãs, como “Midnight”.
E “The Giggle” se destaca como um clássico encerramento de temporada da era Russell T Davies, com uma escala épica, oscilações ousadas de tom e clima, ideias grandiosas e batalhas da UNIT (uma organização militar focada em ameaças extraterrestres).
O especial tem ainda o retorno de dois queridos personagens: David Tennant e Catherine Tate. Tennant, que antes interpretou o Décimo Doutor, agora dá vida ao décimo quarto, enquanto Tate reprisa o papel de Donna Noble. Esse reencontro trouxe uma mistura de ternura e sarcasmo, reminiscente dos dias de glória da série.
[Spoilers dos especiais a partir daqui]
Uma jornada pelo tempo e o inesperado
Os episódios da trilogia levam os espectadores a uma jornada inesperada. O primeiro deles, “The Star Beast”, apresenta uma trama divertida, mas não sem problemas. Aproveitando que a ameaça principal não se mostra tão intensa, o episódio serve como uma introdução divertida para os novos fãs, além de retomar a relação entre Doutor e Donna. A grande questão aqui são alguns desafios narrativos. Por focar quase 100% em uma introdução mais espirituosa, o episódio peca pela falta de impacto dos acontecimentos.
O segundo capítulo, “Wild Blue Yonder”, eleva o risco e mergulha em uma história mais sombria e misteriosa. A exploração de temas como identidade e propósito do Doutor adicionam profundidade à trama, criando um suspense envolvente.
E o ápice é “The Giggle”, o capítulo mais ousado e impactante do programa em muitos anos, ao mostrar uma brincadeira mortal organizada pelo Toymaker, interpretado por Neil Patrick Harris, em atuação sinistra.
O uso inteligente do riso como uma ameaça global permitiu a T Davies fazer uma crítica certeira sobre o estado do mundo atual, no qual as pessoas estão sempre conectadas a telas. E essa trama é finalizada com uma regeneração muito aguardada.
A magia de David Tennant e a entrada de Ncuti Gatwa
O retorno de David Tennant como o 14º Doutor foi recebido inicialmente com surpresa, mas provou ser uma jogada de mestre de T Davies. Tennant captura novamente a essência do personagem e traz muito senso de humor e carisma ao papel, sem deixar de mostrar seu lado mais sombrio e complexo. Sua performance aqui o reafirma como um dos melhores Doutores de todos os tempos.
E, no especial, conhecemos Ncuti Gatwa como o 15º Doutor. Ele é a escolha perfeita para continuar a dar vida ao papel, afinal, é um ator talentoso e carismático. Pelo que vimos, sua interpretação promete ser memorável, com uma mistura de humor, inteligência e sensibilidade. Ele é um Doutor que está pronto para enfrentar os desafios do século 21 e é impossível não ficar empolgado com o que vêm por aí.
O conceito de bi-regeneração, com os Doutores 14 e 15 coexistindo, trouxe uma mudança significativa na série. A interação entre os dois e a decisão de permitir que a versão interpretada por David Tennant continue existindo, mas se concentre em descansar e se curar, proporciona uma conclusão emocionalmente satisfatória. O episódio termina com uma família unida, simbolizando o fechamento do arco de Donna e do Doutor de Tennant.
Um especial marcante… e um futuro promissor
Os episódios de 60 anos foram uma celebração digna da longa história da produção. Divertidos, trouxeram uma mistura de nostalgia, aventura e reflexão. Eles capturaram o espírito da série e mostraram porque Doctor Who ainda é uma força poderosa na televisão. Sem dúvidas, a série continuará a explorar temas relevantes para o mundo moderno, como identidade, propósito, consequências, sem deixar de ser inovadora ou de oferecer aos fãs novas experiências e perspectivas.
Com uma conclusão que acenou adeus ao passado e saudou o futuro, Doctor Who parece estar pronta para continuar encantando os espectadores em todas as direções do tempo e espaço.
Os três novos especiais de Doctor Who estão disponíveis para streaming no Disney+. Aproveite e conheça todas as redes sociais do NerdBunker, entre em nosso grupo do Telegram e mais – acesse e confira.