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Executivo do Xbox fala sobre gamers brasileiros e troca de gerações do Xbox

O Brasil sempre teve uma relação peculiar com videogames, seja pela falta de acesso oficial, pelas práticas curiosas para contornar preços exorbitantes, ou apenas por uma sensibilidade cultural própria do país. Com o tempo, e a chegada de produtos oficiais e empresas estabelecidas por aqui, as coisas começaram a se alinhar à cultura gamer internacional — mas a peculiaridade brasileira nunca se perdeu, e nem nunca deixará de existir.

Quem sentiu isso na pele foi Jerret West, chefe de marketing do Xbox que veio ao Brasil para a CCXP23. Em papo com o NerdBunker, o executivo deu a perspectiva da empresa sobre a comunidade brasileira, mas sempre com certo fascínio por como as coisas funcionam no país, que é muito diferente de outros lugares do mundo.

O Brasil está tomando a vanguarda de várias experiências que o resto do mundo ainda não descobriu”, declarou West, fazendo alusão ao fato de que o país leva bem a sério a estratégia multiplataforma da empresa. O gamer brasileiro não se limita aos Xbox Series X | S para os jogos, fazendo também bom uso do streaming do Xbox Cloud Gaming e do PC.

Brasil é o país que mais joga Xbox via nuvem nas TVs da Samsung, segundo Jerret West [Créditos: Xbox/Divulgação]

Segundo o executivo:

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Você vê muitos novatos no mundo do Xbox. O Brasil é o segundo maior mercado global em termos de assinantes do PC Game Pass, e as assinaturas quadruplicaram no país ao longo dos dois últimos anos. Há um enorme crescimento para a comunidade do Xbox no PC. Já no lado de streaming e cloud gaming, nenhum outro país jogou mais horas via smart TVs da Samsung que o Brasil. É uma comunidade cada vez mais diversa, também.

Curiosamente, o Brasil ainda segue curtindo a geração passada do Xbox. Recentemente, o site OLX relatou que o Xbox One foi o campeão de vendas de consoles usados entre janeiro e setembro de 2023, passando na frente do Xbox 360 (sim), do PlayStation 4 e do Nintendo Switch. Levamos os dados para West, que ficou fascinado pelo fato ao mesmo tempo de que se gabou de que isso só reforça as estratégias da Microsoft: o foco no Game Pass, e a abordagem de não forçar uma troca brusca de gerações.

Acredito que são três fatores: a tecnologia do One é robusta e persistente, assim como a dos Xbox Series S e X; o valor trazido pelo Game Pass, em que muitos jogos ainda são ótimas experiências e o catálogo é forte; e streaming, já que dá para acessar algo como Starfield no One via nuvem. Como falei antes, os brasileiros jogam via streaming nas TVs da Samsung, e fazem o mesmo pelos consoles e PCs também. 

Todas essas experiências mostram como tentamos ir de encontro aos gamers onde eles quiserem jogar, e não forçá-los a migrar de console. Queremos criar experiências significativas em vários níveis. Não sabia desses dados, é muito fascinante — mas, para mim, valida a nossa abordagem de colocar o jogador no centro e nossa tentativa de criar propostas que beneficiem todos assim.

De certa forma, faz sentido que o One, o PC, os celulares e até as TVs da Samsung sejam alternativas muito exploradas pelos brasileiros. Os consoles novos não são exatamente baratos por aqui, especialmente após o aumento de preço considerável do Xbox Series S, que até então era a melhor alternativa para entrar na nova geração. Ainda que Phil Spencer tenha tentado justificar a decisão, é certo que isso impossibilitou muita gente de se atualizar.

Apesar do lançamento turbulento, Xbox One segue popular no Brasil [Créditos: Xbox/Reprodução]

Ainda assim, isso não parece uma preocupação para Jerret West, que garante que a abordagem do Xbox leva em conta até quem não quer/pode trocar de console no momento.

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Vemos as pessoas migrando [para a nova geração] e se atualizando em seu próprio tempo. Ainda achamos que essa é uma rota saudável e tudo está caminhando bem”, afirmou. “Nosso volume de jogadores no Brasil está mais alto do que nunca, e isso porque muita gente está jogando tanto no Xbox One ou no Series S, o que agrega para um número nunca visto antes.

Game Pass: a Netflix dos games

Ex-executivo da Netflix, Jerret West vê Game Pass como revolução nos games [Créditos: Divulgação]

Faz mais de uma década que o Xbox tenta olhar além da forma como entendemos videogame. De início, essa abordagem foi muito criticada e acabou por dar uma má reputação para o One, console focado em combinar jogos, filmes e séries no mesmo lugar. Hoje, não dá para dizer que não funciona, visto que a indústria dos games têm um flerte recíproco com Hollywood, sempre trocando conhecimentos, talentos e estratégias.

Jerret West representa bem isso. O executivo é velho de casa no Xbox, tendo encabeçado a equipe da Xbox Live, rede online do console da Microsoft, durante a era de ouro do Xbox 360, no início dos anos 2000. Mais tarde, porém, trocou a empresa pela Netflix, onde ajudou a expandir o serviço de streaming dos EUA para o mundo todo.

Em 2020, retornou ao Xbox, para usar seus conhecimentos da plataforma vermelha na expansão e aperfeiçoamento do Game Pass, um processo que ele mesmo compara com a mudança radical que foi a Netflix para o cinema e TV:

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Quando penso na jornada da minha carreira, vejo que foi sobre como transicionar pelos estágios da era da internet. Na minha primeira vez trabalhando com o Xbox, na época do 360, meu foco era a Xbox Live e como fazer as pessoas migrarem das LAN Parties para jogar coisas como Halo 3 via internet, com gente de todo o mundo. 

Vi o mesmo apelo na Netflix, quando filmes e séries estavam migrando para o streaming e para serviços de assinatura. Quando essa nova oportunidade na Xbox surgiu, era possível ver que o mundo dos games estava mudando. A comunidade estava crescendo. Há cerca de 3,3 bilhões de gamers pelo mundo todo, e muita gente joga por meio de serviços de assinatura, streaming ou celulares. Me pareceu muito empolgante poder pegar elementos das minhas experiências passadas e ver essa mudança.

O Game Pass ainda não é essa força transformadora, mas já é fonte de incansáveis discussões sobre a possibilidade de causar um “Efeito Netflix” no mundo dos games. Ainda assim, o serviço é amplamente adorado pelos jogadores de Xbox — especialmente no Brasil, onde comprar jogos costuma ser bem caro.

Segundo West, há sim um apelo financeiro ao serviço, que pode permitir experimentar centenas de jogos por uma fração do preço de um grande lançamento. Mas o executivo defende que o maior atrativo do Game Pass é justamente poder testar e experimentar jogos e gêneros variados, dando a chance de curtir algo que você sequer sabia que era de seu interesse.

Jerret West diz que Minecraft é a franquia de Xbox mais amada pelos brasileiros [Créditos: Divulgação]

Quando perguntado sobre o que os brasileiros jogam no Game Pass, West foi categórico: ”Minecraft é o maior jogo daqui, porque permeia a sociedade de formas muito diferentes, como na educação”, falou. “Se você descer a lista, ficará surpreso que Grounded é bem grande no Brasil, assim como Sea of Thieves e Call of Duty. Halo também está tendo um momento bom de crescimento!

O fenômeno de Minecraft é interessante porque representa bem os planos que o Xbox tem para o mundo dos jogos, como o próprio West coloca:

Continuamos lançando novas atualizações ligadas a outras franquias, como Star Wars. Há um filme de Minecraft em desenvolvimento, com Jason Momoa como o personagem principal. Minecraft é o exemplo perfeito de uma grande franquia com várias abordagens, e que impactou a vida dos brasileiros de várias formas.

Além da consolidação do Game Pass, um dos objetivos da empresa parece ser estender a vida útil dos games, com atualizações constantes que trazem os jogadores de volta, e também investir em derivados e adaptações cinematográficas e televisivas. O Xbox já tentou isso com Halo, cuja série está prestes a ganhar segunda temporada no Paramount+, e deve estender o plano para muitas das franquias da empresa.

No fim das contas, é justamente essa abordagem multimídia que justificou a presença do Xbox na CCXP. O foco do papo com Jerret West foi o gamer brasileiro e o impacto do Game Pass, mas, frequentemente, o executivo tocou na intersecção entre jogos, cinema e TV, expondo os planos da empresa para o futuro.

Quando eu olhava ao redor, via que nossa visão e estratégia estão sendo cumpridas”, falou West, rasgando elogios ao evento brasileiro. “No estande do Amazon Prime Video há uma ativação de Fallout, e outra de Halo com o Paramount+. Os fãs estão encontrando experiências do Xbox em filmes, séries e nos games.

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