Na era do multiplayer competitivo, PAYDAY é um dos poucos títulos puramente cooperativos que consegue espaço entre os jogos mais populares. A combinação de tiro em primeira pessoa com a fantasia criminosa de executar roubos perigosos ao lado dos amigos segue divertida e fascinante — e PAYDAY 3 é a prova disso.
O novo jogo chega quase uma década após o antecessor, mas consegue ser ainda mais satisfatório ao afinar a jogabilidade e trazer mais opções para concluir assaltos. Só faltam mais deles.
Criminosos de todos os tipos
Aposentada, a equipe de assaltantes mascarados composta por Dallas, Chains, Hoxton e Wolf se vê vítima de um golpe, sendo forçada a retornar à vida do crime para recuperar a grana perdida e descobrir quem os sacaneou. O objetivo é formar sua gangue e tocar o terror pela cidade de Nova York.
De início, o game conta com oito assaltos, que vão desde missões simples, como roubar uma agência bancária, até tarefas mais exigentes, como invadir a área VIP de uma balada para hackear servidores de criptomoedas. Cada assalto tem complexidade própria e todos podem ser feitos de inúmeras maneiras.
É possível chegar com o pé na porta, com rifles em mão, gritando com civis indefesos e trocando tiros com a polícia, ou então apelar para a furtividade de forma que ninguém sequer perceba o crime. Além do nível de dificuldade, que dita o dano, quantidade e brutalidade dos inimigos, é a sua abordagem e ambição que determinam o quão tensa será a execução da fase.
Chegar aos berros e tiros é mais fácil, mas impede (ou dificulta muito) lucros maiores. Já um ataque silencioso abre portas para levar mais dinheiro, porém isso pede coordenação da equipe, curiosidade para vasculhar os mapas e muita sorte para não ser avistado. Na maioria das partidas, o plano inicial não dará certo, e você se verá na posição de ter que improvisar para sobreviver e fugir com algo de valor.
O que torna PAYDAY 3 tão viciante é que o caos dos erros é tão divertido quanto a satisfação de tirar um roubo de letra. Seja lá qual for o seu estilo, tudo é proveitoso, e os desenvolvedores da Starbreeze refinaram os sistemas para garantir que a experiência seja boa para todas as abordagens.
Para os mais esquentados, o tiroteio é aperfeiçoado com bom controle das armas e várias opções de armamentos, como pistolas, rifles, submetralhadoras e escopetas. Para complementar, a movimentação é mais fluida, permitindo correr e deslizar com eficiência quando as balas começam a voar. Parte dessa sensação de fluidez parece surgir pelo fato de que a engasgada engine proprietária do antecessor deu lugar para a Unreal Engine, que oferece infraestrutura muito mais robusta e polida, além de ótimos visuais.
Há várias novas funções que diversificam o decorrer dos roubos. Há maior interação com os civis, como usá-los de escudo humano ou como moeda de troca durante a inédita fase de negociação, quando a polícia não está ativamente invadindo o prédio para eliminar os assaltantes.
É possível pegar guardas e civis especiais para destravar portas que precisam de verificação biométrica, por exemplo. Tudo isso ajuda a criar um pouco mais de variedade nos assaltos — o que se torna especialmente necessário nessa etapa inicial do jogo.
Cores e valores
PAYDAY 3 é ótimo em termos de sistemas, mas carece de conteúdo no momento atual. Seus oito roubos podem ser concluídos em poucas horas, e a ideia dos desenvolvedores é que os jogadores rejoguem várias vezes. Há muita coisa boa que só pode ser percebida ao revisitar as fases, mas com certeza isso não será o suficiente para muita gente.
Além dos objetivos primários, os assaltos trazem também missões paralelas, que são encontradas ao ler emails, ouvir conversas ou se deparar com documentos de texto. Realizar essas tarefas secundárias é totalmente opcional, mas elas te recompensam com mais grana ao custo de mais tempo no assalto ou então tomar rotas mais arriscadas pelo mapa.
E o que fazer com a toda a grana, afinal? O que falta de fases, PAYDAY 3 compensa com customização. Há bastante opções de máscaras, ternos, armamentos e habilidades para investir, que te permitem criar ladrões estilosos e builds robustas, alinhadas com seu estilo de jogo. Customizar a experiência ajuda a criar variedade nas partidas, tanto pela estética quanto nas mecânicas.
Rejogar os oito roubos, inclusive, se torna uma questão de tentar maximizar os lucros e diminuir os erros, que é o mesmo apelo de algo como Hitman. Se esse é o tipo de experiência que você gosta, como buscar a execução perfeita da fase e criar seus próprios objetivos, então o jogo já está no estado perfeito para você. Agora, se a novidade de realizar o assalto pela primeira vez é o que te move, você pode se sentir cansado rapidamente.
E no tópico de coisas que devem melhorar no futuro, é impossível não citar a performance no PC e o matchmaking. O jogo lutou para ficar na casa dos 60fps mesmo em uma máquina que atende aos requisitos. Na hora de configurar, as opções gráficas são poucas e carecem de explicações para que cada usuário entenda como alcançar a performance ideal.
Além disso, procurar partidas segue algo bastante complicado, com longos tempos de espera para encontrar outros jogadores e a necessidade de conexão online até para jogar sozinho. Tudo isso pede cautela, claro, mas costumam ser as primeiras correções de todo lançamento multiplayer.
Seja como for, PAYDAY 3 pega tudo que era bom do antecessor e torna ainda melhor, mantendo a mesma premissa simples e chamativa, e adicionando ainda mais camadas e mecânicas para conquistar os mais diferentes tipos de ladrões. No estado atual, o jogo já é robusto e satisfatório, mas deve crescer ainda mais nos próximos anos visto que a Starbreeze tem um plano ambicioso de conteúdo. Seja como for, o novo game é um acerto que comprova que a vida do crime não deixará de ser sedutora tão cedo assim.
PAYDAY 3 já está disponível para PlayStation 5, Xbox Series X | S, PC, Xbox One e PlayStation 4. Há crossplay e progressão compartilhada entre todas as plataformas, e o jogo está no catálogo do Game Pass. A review foi feita com base na versão de PC, com chave enviada pelos desenvolvedores.