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Ahsoka revive Star Wars trazendo equilíbrio às Forças da saga | Primeiras impressões

Trazer Star Wars de volta ao streaming após uma sequência de séries decepcionantes (e a subestimada Andor) não é tarefa fácil. Porém, Ahsoka chega ao Disney+ com dois episódios que contrariam todas as descrenças ao resgatar muitos dos elementos que tornaram essa saga tão querida. Um feito e tanto para um projeto com uma natureza tão singular.

Para contexto, é possível dizer que a série se passa após o Episódio VI – O Retorno de Jedi (1983) e, mais especificamente, após a aparição da protagonista na 2ª temporada de The Mandalorian. Porém, um dos grandes trunfos de Ahsoka é ser acessível ao ponto de funcionar de forma independente e, ao mesmo tempo, honrar a história que seus personagens construíram em animações como Clone Wars e Rebels.

Assim como Obi-Wan Kenobi, a produção acompanha personagens que já existiam na mitologia de Star Wars. Mas, ao contrário do Jedi citado anteriormente, Ahsoka Tano nunca apareceu na saga principal dos cinemas e vem das séries animadas, injustamente ignoradas até mesmo por uma parcela de fãs da saga. Com isso em mente, o criador da personagem, Dave Filoni, arregaçou as mangas em um roteiro que contextualiza o passado para novos chegados e deixa lacunas para surpreender os fãs antigos.

Para isso, ele recorre a uma estrutura intrínseca à saga: um grande mal surge das sombras, e cabe a nossos bravos e falhos heróis impedi-lo e salvar a galáxia. Uma premissa básica poderia ser problema em mãos incapazes, mas Filoni tem grande vivência nesse universo, graças ao trabalho em séries como Clone Wars, Rebels e The Mandalorian, e sabe dar sabor a uma receita tão consagrada.

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Desta vez, Ahsoka Tano (Rosario Dawson) entra em uma missão que ameaça a paz na Nova República, o equilíbrio da Força e ainda abre antigas feridas. Para lidar com o assunto, ela precisa se reconectar com Sabine Wren (Natasha Liu Bordizzo), numa relação fragmentada que se torna o grande foco desse início.

A dinâmica entre as duas promete ser uma das bases da produção, e os dois primeiros episódios fazem um bom trabalho em contextualizar sem explicar demais. A sombra que paira entre o que aconteceu no passado e como isso reflete no presente é engajante, especialmente por deixar lacunas que devem ser abordadas no futuro. Um trunfo das duas atrizes, cujas atuações refletem uma relação de anos, sem recorrer à exposição mais do que o necessário.

Ahsoka Tano e Sabine Wren em Ahsoka (LucasFilm/Reprodução)
Ahsoka Tano e Sabine Wren em Ahsoka (LucasFilm/Reprodução)

O Lado Sombrio contra-ataca

No caminho das heroínas estão Baylan Skoll (Ray Stevenson) e Shin Hati (Ivanna Sakhno), mestre e aprendiz que aparentam ser o espelho sombrio de Ahsoka e Sabine. Envolta em mistério, a dupla faz uma boa estreia como ameaça perigosa, poderosa e misteriosa. Se suas naturezas e motivações não ficam longe dos Siths e Inquisidores que causaram em produções anteriores, há componentes singulares o bastante para abrir portas para caminhos diferentes. Que o diga as curiosas motivações e crenças de Baylan, vivido com a devida imponência pelo saudoso Ray Stevenson.

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Foto de Ray Stevenson como Baylan Skoll em Ahsoka (LucasFilm/Reprodução)
A invasão de Baylan Skoll te parece familiar? (LucasFilm/Reprodução)

Além da dupla, há dois pontos que valem destaque. O primeiro deles é Morgan Elsbeth (Diana Lee Inosanto), que havia aparecido brevemente no episódio de Ahsoka em The Mandalorian e agora ganha mais importância ao colocar a nova trama para acontecer. Um avanço bem-vindo, considerando as ligações da personagem com toda uma mitologia desse universo, que nunca ganhou tanta atenção em live-action.

O segundo ponto é a sombra do Grão Almirante Thrawn (Lars Mikkelsen). Amado pelos fãs desde sua criação nos livros e resgatado para o cânone em Rebels, o personagem ainda não deu as caras na produção. Essa ausência se mostra um acerto quando a mera ideia de seu retorno já é capaz de mexer com todos os núcleos e criar uma grande expectativa em torno de sua aparição. Uma promessa que, agora, precisa ser cumprida à altura.

Há muito tempo, em uma galáxia muito, muito distante…

Além das épicas batalhas entre o bem e o mal, as desventuras de Caçadores de Recompensas e tudo mais, o grande charme de Star Wars é o próprio universo em que se desenrolam essas histórias. O início de Ahsoka se faz marcante ao valorizar o retorno a essa galáxia, com um trabalho artístico que ajuda a contar a nova jornada.

A capacidade de encantar é um dos grandes trunfos de Dave Filoni e Steph Green, diretores dos episódios 1 e 2, respectivamente. A dupla é muito feliz ao colocar em tela o fascínio de desbravar essa galáxia em diferentes situações, desde a exploração de um quarto a perseguições de speeder em alta velocidade.

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O mesmo pode ser dito sobre a ação. Os dois primeiros episódios de Ahsoka não deixam a desejar nesse quesito, com bons combates aéreos e duelos de sabres de luz empolgantes. Mais do que demonstração de poderes, alguns dos combates se tornam instantaneamente marcantes por uma carga emocional que complementa o balé marcial das coreografias de luta.

Ahsoka duela em cena da série (LucasFilm/Reprodução)
Ahsoka duela em cena da série (LucasFilm/Reprodução)

Em meio a tantos méritos, é verdade que o início da produção não é perfeito. Se o roteiro de Dave Filoni se destaca quando dá identidade a uma estrutura convencional, ele peca ao perder algum tempo precioso com um vai-e-vem previsível. É clara a necessidade de passar por algumas etapas para que os personagens cheguem até o ponto que precisam, mas o roteiro poderia ser mais esperto e confiar menos em caminhos previsíveis.

Mas, para ser honesto, essas questões passam longe de comprometer Ahsoka, que triunfa ao encapsular muitos dos pontos altos de Star Wars. Ainda é cedo para cravar que a produção é um sucesso, já que ainda há seis episódios pela frente. Porém, o início é sólido, empolgante e envolvente o suficiente para trazer uma nova esperança para esse universo. E não é esse o maior poder dos heróis da saga?

Ahsoka chega ao Disney+ às terças-feiras. Os episódios estreiam às 22h no horário de Brasília. Acompanhe o NerdBunker para mais novidades da saga Star Wars. Aproveite e siga as nossas redes sociais Twitter, Instagram e TikTok, e entre no nosso grupo no Telegram.

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