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Entenda a diferença entre dorama e k-drama | Guia prático

As novelas/séries produzidas no leste asiático, em especial as sul-coreanas, têm se popularizado rapidamente pelo mundo e conquistado um público imenso. Com a adição cada vez mais frequente dessas obras em serviços de streaming, os doramas se tornaram assunto para qualquer encontro de amigos. Mas a frase anterior possui um erro que muitas pessoas não irão perceber de imediato.

Ao pesquisar o que são doramas, várias publicações falando sobre novelas vindas da Coreia do Sul são listadas em poucos segundos. O público também se acostumou a chamá-las de doramas, pois é como foram apresentadas a um novo mercado consumidor — além de ser um termo fácil de correlacionar nos últimos anos.

Acontece que as séries sul-coreanas não são doramas — são k-dramas. E, no início, pode parecer um sinônimo, mas o NerdBunker preparou essa publicação para explicar, de uma vez por todas, qual é a diferença entre esses dois termos.

O que é Dorama?

Doramas são produções audiovisuais japonesas que se classificam entre as novelas e as séries. São histórias contadas em formato episódico e exibidas nos canais de televisão japoneses, seguindo uma agenda de lançamentos, assim como os animes.

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Tais programas contam histórias com início-meio-e-fim, normalmente focadas em um grupo pequeno de personagens, ao invés de se desdobrar em diversos núcleos, como as novelas brasileiras. Possuem, em média, de 12 a 25 episódios, entre 40 minutos e 1 hora cada, e é comum terem uma única temporada estruturada.

Os gêneros mais populares de doramas são os romances, comédias-românticas e histórias “de época” (jidaigeki), mas tais produções também se aventuram em outros territórios, como terror e suspense.

O formato híbrido entre telenovela e minissérie televisiva, que se popularizou e influenciou vários outros países do leste asiático, surgiu no Japão na década de 1950.

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Cena de Mischiveous Kiss, dorama lançado em 2013. A história já havia ganhado uma adaptação para TV na Coreia do Sul, em 2010, com o nome Playful Kiss (Fuji Television/Reprodução)

O que é k-drama?

Já os k-dramas são produções seriadas vindas da Coreia do Sul. Assim como os doramas, esses programas contam histórias completas e focadas em um núcleo enxuto de personagens. Em média, têm até 32 capítulos, também com cerca de 1 hora, e não costumam ganhar mais de uma temporada. Os gêneros mais populares continuam sendo romances e comédias-românticas, mas o suspense, melodrama e até ação conquistam um bom volume de espectadores.

Os dramas coreanos, historicamente, surgiram influenciados pelas novelas japonesas dos anos de 1950. A primeira série de televisão exibida no país foi Gukto malli (국토만리), através do KBS, primeiro canal de TV sul-coreano, em 1962.

Park Eun-bin em Uma Advogada Extraordinária, k-drama de destaque na Netflix em 2022 (Netflix/Reprodução)

Não é tudo do mesmo lugar

Como se pode perceber pelos tópicos anteriores, a maior diferença entre doramas e k-dramas está relacionada aos países em que são produzidos. Os formatos dessas produções televisivas possuem muitas semelhanças e exploram influências em comum, mas cada mercado reforça individualidades de suas identidades culturais.

O termo dorama se popularizou como sinônimo de “série vinda do leste asiático”, mas é ligado, correta e exclusivamente, às produções do Japão — isso porque a palavra dorama vem da pronúncia japonesa de “drama”. Assim como em outras línguas do leste asiático, o japonês não possui recursos gráficos para juntar certas consoantes, como “DR”. Por isso, é comum que nativos do idioma incluam uma vogal entre elas.

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Para diferenciar as produções, então, foram adotados alguns prefixos ao longo do tempo. O “K” de k-drama, por exemplo, surge da palavra “korean” (coreano, em inglês) e serve para marcar produções vindas da Coreia do Sul. No entanto, existem outras possibilidades, como os C-dramas (dramas vindos da China) ou os TW-drama (séries produzidas em Taiwan) — até os próprios doramas podem ser chamados de J-dramas, caso necessário.

E, ainda vale mencionar que várias histórias são adaptadas para a TV, mais de uma vez, por diferentes países do leste asiático. Um exemplo popular é Hana Yori Dango, dorama de 2005 que ganhou uma versão sul-coreana em 2009, chamada Boys Over Flowers (e também versões chinesa, taiwanesa e tailandesa ao longo dos anos).

Protagonistas de Boys Over Flowers (acima) e Hana Yori Dango (abaixo). Ambas as produções adaptam a mesma história (TBS/KBS/Divulgação)

Tensão histórica

Por fim, além de induzir o apagamento da singularidade de inúmeras produções, o uso incorreto do termo dorama para falar sobre programas sul-coreanos evoca feridas históricas entre a Japão e a Coreia do Sul.

Após a assinatura do Tratado de Ganghwa (1876) e o colapso do Império Coreano (1905), o Japão ocupou a Coreia (ainda unificada) entre 1910 e 1945. De acordo com os registros sobre a época, o regime japonês no país foi baseado em terror, violência e repressão cultural. O idioma, arte nacional, literatura e até mesmo nomes de origem coreana foram barrados nesse período, e milhares de coreanos(as) foram forçados à escravidão, prostituição e marginalização.

O governo imperial japonês sobre a Coreia acabou em 1945, quando os japoneses se renderam aos Aliados, durante a 2ª Guerra Mundial. A partir disso, os Estados Unidos e a União Soviética invadiram a península, ocupando a região.

E, mesmo que o governo do Japão tenha pedido desculpas pelos crimes cometidos na Coreia nessas quatro décadas e meia, os efeitos desse período ainda permeiam a relação entre os dois países e seus vizinhos.

Mesmo que o termo dorama seja citado por muitos como sinônimo de todas as séries do leste asiático, popularizando-se rapidamente pelo mundo nos últimos anos, é importante entender a distinção que explicamos nesse texto, para nomear corretamente cada obra. A cultura de cada país tem suas próprias características, que devem ser para respeitadas quando assistimos uma série.

Assim, ao entender que doramas e k-dramas são coisas diferentes, o espectador ganha a oportunidade de conhecer outras visões de mundo sabendo muito bem que “não é tudo a mesma coisa”.

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