Nick Fury descobre, a duras penas, que não é fácil agradar todo mundo. No ar a partir desta quarta-feira (12), o quarto episódio de Invasão Secreta tem o herói da Marvel ainda mais dividido entre a lealdade à própria raça humana e a irmandade com os Skrulls do bem. Tudo isso culminando em uma escolha muito difícil.
[Atenção: Zona de Spoilers do quarto episódio de Invasão Secreta]
“Amado” começa revelando que, para a surpresa de praticamente ninguém, G’iah (Emilia Clarke) está mesmo viva. A jovem Skrull usou o experimento genético de Gravik (Kingsley Ben-Adir) em si mesma, aparentemente ganhando os mesmos poderes especiais do vilão, o que a torna uma peça importante para o desfecho da série. Ainda que, até agora, a estrela de Game of Thrones não tenha mostrado a que veio.
Como todo castigo pra Fury é pouco, o personagem de Samuel L. Jackson confirma as suspeitas de que a esposa, Priscilla (Charlayne Woodard), aparentemente está de maracutaia com os Skrulls do mal. A alienígena encontra o Máquina de Combate, Rhodes (Don Cheadle), substituído por um Skrull (como sugerido no episódio passado), que encomenda o assassinato do protagonista. Desconfiado como sempre, Fury ouve, atônito, toda a conversa da dupla por meio de uma escuta que plantou na própria esposa. O espião então se prepara para confrontar a própria amada com a dura descoberta.
Aqui, vale destacar como Invasão Secreta não parece preocupada em responder questões muito pertinentes que surgem com a reviravolta do antigo herói. Há quanto tempo acompanhamos um Rhodes Skrull? O herói já estava corrompido nos eventos dos filmes anteriores? Com que propósito um Skrull ajudaria tão fielmente a humanidade na luta contra Thanos? Resta à torcida aguardar que a Marvel amarre tais questões nos dois episódios restantes.
O relacionamento de Fury e Priscilla vem ganhando mais pinceladas de profundidade a cada episódio, e no quarto capítulo não seria diferente. Num flashback a 2012 (ano dos eventos do primeiro Os Vingadores), o casal discute o altruísmo de Fury ao reunir os maiores heróis da Terra para salvar a humanidade, em contraste com a promessa de achar um novo lar para os alienígenas metamorfos.
Em mais um episódio, Invasão Secreta se destaca nos momentos mais íntimos entre os personagens. Se nos acostumamos a esperar grandes espetáculos visuais da Marvel, a série troca socos e pontapés por palavras, em um resultado eficaz carregado, claro, pela maestria de atores como Jackson, Woodard e Cheadle.
De volta aos dias atuais, a tensão do casal chega ao ápice, com Nick Fury confrontando a amada sobre a missão de matá-lo. Uma emocionada Priscilla conta ao espião a história por trás do próprio disfarce: uma médica humana que, à beira da morte, ganha a chance de, de certa forma, se apaixonar e seguir viva para aqueles ao seu redor.
Fury e Priscilla relembram o poema “Fragmento Final”, do escritor norte-americano Raymond Carver, que baseia o título do episódio, no que é uma clara despedida, seja lá para quem puxar o gatilho:
“-E você teve o que queria desta vida, apesar de tudo?
-Tive.
-E o que você queria?
-Dizer que fui amado. Me sentir amado sobre a terra.”
Mas há, sim, uma segunda chance para o amor, já que nem Fury nem Priscilla escolhem machucar um ao outro, mesmo que isso signifique uma vida inteira em fuga. O espião parte para acertar as contas com um antigo amigo.
Já sabendo que o Rhodes que acompanhamos não é quem diz ser, Nick usa toda a lábia para enrolar o “herói”, denunciando a invasão Skrull aos altos escalões do governo. O protagonista implanta um rastreador em Rhodes, que mais uma vez ameaça Fury caso o espião não desista de perseguir os supostos invasores.
Fury e Talos (Ben Mendelsohn) seguem Rhodes em um comboio com o presidente dos EUA (Dermot Mulroney), que será alvo de mais um ataque terrorista de Gravik, ainda disposto a causar guerra entre as nações humanas.
O vilão e sua facção de Skrulls rebeldes atacam a caravana do chefe de estado, em uma intensa sequência de ação. Além de tiros e bombas, vemos também Gravik revelando melhor os poderes dados pelas experiências com material genético de outras criaturas, incluindo até a elasticidade do Groot, dos Guardiões da Galáxia.
Se Kingsley Ben-Adir, infelizmente, não convence na performance como um antagonista realmente ameaçador, a mistura dos poderes sobre-humanos em um único ser pode criar um obstáculo de respeito para os protagonistas, ainda mais considerando que, até onde se sabe, Fury não terá a ajudinha de nenhum Vingador ou super-herói.
Enquanto o tiroteio corre solto, Fury e Talos lutam para salvar o presidente, preso entre as ferragens. Decidido a arriscar a própria vida para resgatar o político, Talos leva um tiro e, logo em seguida, é esfaqueado por Gravik, disfarçado como um soldado humano. Fury, então, precisa fazer a segunda escolha difícil do capítulo.
Dividido entre salvar o presidente, o que evitaria a turbulência política que pode desencadear uma Terceira Guerra Mundial, e resgatar o próprio amigo, desacordado e gravemente ferido, Fury decide pela lealdade à própria raça humana, deixando Talos para morrer.
A série termina com um personagem à beira da morte pela terceira vez, em apenas 4 episódios. Mesmo que o espectador mais calejado duvide que Talos corra algum perigo mais sério, resta aos próximos episódios mostrar como a decisão de Fury impactará na amizade e na confiança dos Skrulls remanescentes que ainda acreditam na promessa do espião. Que venha, então, a reta final.
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