Desde que foi anunciado, o filme Oppenheimer chamou a atenção do público. O título é a cinebiografia de J.R. Oppenheimer, cientista que ganhou o sinistro apelido de “pai da bomba atômica”. O responsável por contar essa história é Christopher Nolan, diretor de filmes icônicos, como a trilogia Batman Cavaleiro das Trevas (2005-2012), A Origem (2010), Interestelar (2014) e mais.

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Com o frio e calculista Cillian Murphy (Peaky Blinders), no papel do físico que dá nome à produção, o filme é uma verdadeira redescoberta desta figura histórica. Pensando nisso, explicamos abaixo quem foi Oppenheimer e por que a história do físico importa.

Quem foi Oppenheimer?

J. Robert Oppenheimer nasceu em 1904, na cidade de Nova York. Brilhante desde muito jovem, o físico se formou com louvor na prestigiada universidade de Harvard, em 1925, e agregou mais e mais títulos e competências ao longo dos anos seguintes.

Oppenheimer real, fotografado na década de 1950. Crédito: The Atlantic/AP/Reprodução

Contemporâneo de estudiosos como Niels Bohr (você certamente lembra das aulas de física na escola) e o próprio Albert Einstein, Oppenheimer ajudou a avançar o conhecimento sobre a física quântica, mas a genialidade do homem acabou famosa por um motivo mais impactante e nefasto.

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O pai da bomba atômica

Em 1939, a turbulência política global chega ao ápice, com a eclosão da Segunda Guerra Mundial. Os Estados Unidos entram, oficialmente, no conflito, em 1941. Sob uma forte pressão armamentista e o constante medo das forças inimigas, como a Alemanha e o Japão, desenvolverem as próprias armas nucleares, o governo norte-americano, sob o então presidente Franklin D. Roosevelt, encomenda o desenvolvimento de uma arma nuclear própria dos EUA.

Em 1942, Oppenheimer reúne um time de elite de cientistas em busca da criação e aperfeiçoamento da bomba atômica, no chamado Projeto Manhattan. As imagens do físico em diferentes momentos da experiência, e também os conflitos sociais e políticos da época, aparecem já nos trailers do filme.

Trabalho de Oppenheimer no Projeto Manhattan será tema importante no filme. Crédito: Universal/Divulgação

O trabalho de J. Robert Oppenheimer rendeu frutos em 16 de julho de 1945, com o primeiro teste bem-sucedido de uma explosão nuclear na História, mudando, para sempre, os rumos da humanidade.

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Você pode conhecer mais sobre o trabalho de Oppenheimer e todos os estudos que levaram à alvorada da era nuclear no episódio 244 do NerdCast, publicado em janeiro de 2011. Ouça abaixo:

“O Destruidor de Mundos”

Menos de um mês após o teste Trinity (como foi denominada a explosão no deserto do Novo México, em 1945), duas bombas atômicas foram lançadas nas cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki. Realizados, respectivamente, em 6 e 9 de agosto de 1945, os ataques dizimaram os centros urbanos, matando mais de 130 mil pessoas, efetivamente encerrando a guerra, com a vitória americana.

Oppenheimer passou o resto da vida atormentado pela própria criação. Crédito: Universal/LA Times/Reprodução

Nos anos seguintes, Oppenheimer lutou contra a própria invenção, usando de poder político para tentar convencer os EUA a não investir nas poderosas bombas de hidrogênio, em mais uma corrida armamentista, desta vez contra um novo inimigo, a União Soviética.

Em 1965, Oppenheimer refletiu sobre o próprio papel nos rumos da História, deixando clara a própria angústia e contradição. Falando ao documentário “The Decision to Drop the Bomb” (A Decisão de Lançar a Bomba, em tradução livre), o físico disse:

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“Sabíamos que o mundo jamais seria o mesmo. Algumas pessoas riam, outras choravam… A maioria estava em silêncio. Eu lembrei da antiga escrita hindu, o Bhagavad-Gita. Vishnu [deidade do Hinduísmo] tenta convencer o Príncipe de que ele deve cumprir seu dever. Para impressioná-lo, ele se transforma em uma forma com muitos braços e diz: ‘Agora, eu me tornei a morte. O Destruidor de Mundos.’ Acredito que todos nós, de uma forma ou de outra, nos sentimos assim.”

Oppenheimer retornou à sala de aula até sua morte, em 1967, vítima de um câncer.

O filme Oppenheimer é uma biografia?

Sim! Embora Christopher Nolan tenha passeado por eventos reais no drama de guerra Dunkirk (2017), Oppenheimer será o primeiro filme biográfico da carreira do cineasta. A trama é baseada no livro American Prometheus, que narra a vida do físico.

Os trailers e prévias do filme revelam que a narrativa também acompanhará boa parte da carreira de Oppenheimer, inclusive, como se espera de Nolan, com o uso criativo da linguagem cinematográfica. Falando à Associated Press, o diretor explicou que o filme mistura sequências coloridas com trechos em preto e branco.

As primeiras narram os acontecimentos sob o ponto de vista do próprio Oppenheimer, enquanto as outras mostram o que Nolan chama de uma visão “objetiva” dos fatos, trazendo, então, o contraste entre a história real e os eventos filtrados pelo ponto de vista do próprio protagonista.

Elenco do filme Oppenheimer

O já citado Cillian Murphy é acompanhado por uma verdadeira constelação de grandes astros de Hollywood. Estão lá Emily Blunt, como Kitty Oppenheimer, esposa do cientista; Matt Damon, como o militar Leslie Groves, coordenador de operações do Projeto Manhattan; Robert Downey Jr., como o oficial do governo Lewis Strauss; e Florence Pugh, como a jovem Jean Tatlock, ex-namorada e amante de Oppenheimer.

Florence Pugh, Matt Damon e Robert Downey Jr. estão em Oppenheimer. Crédito: Universal/Divulgação

O elenco secundário também traz nomes de peso, incluindo Rami Malek, Jack Quaid (The Boys), Gary Oldman, Kenneth Branagh, Josh Hartnett, David Dastmalchian, Matthew Modine, o escocês Tom Conti, como Albert Einstein… e olha que não citamos nem a metade.

Saiba mais sobre a bomba atômica e a corrida nuclear

Se você quiser entender mais sobre como funciona uma explosão atômica e as consequências sociais e políticas do uso da arma, o Nerdologia tem uma edição focada no próprio Oppenheimer e outras duas voltadas sobre o estudo atômico. Os vídeos incluem toda a cronologia de descobertas que levaram ao aperfeiçoamento do estudo atômico. Veja abaixo:

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Fontes: Atomic Heritage Foundation / National Geographic / Internet Archive / New York Times