Poucos projetos atualmente são tão arriscados quanto o remake de Final Fantasy VII, uma ambiciosa reinterpretação do amado clássico de 1997, que foi dividida em três jogos.

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Sob a liderança de Tetsuya Nomura e Yoshinori Kitase, duas das principais mentes por trás do original, a ideia da trilogia é readaptar a história e modernizar a jogabilidade, com o adicional ousado de dar uma boa mexida no curso dos acontecimentos.

Final Fantasy VII Rebirth é a segunda parte do projeto, que adapta a ‘meiuca’ da jornada de Cloud e companhia, finalmente pisando em território fora de Midgar. Alguns arcos já foram confirmados, como Nibelheim, Kalm, Junon, Cosmo Canyon e The Forgotten Capital, além de cidades e locais completamente inéditos.

Não à toa, as expectativas dos fãs estão altas. E, a convite da Square Enix, viajei até Los Angeles e encarei um friozinho em pleno janeiro para testar três horas do jogo — sentindo, em primeira mão, o que podemos esperar do próximo capítulo.

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Renascimento?

Foi no meio de uma área temática de Rebirth, com direito até a um banco da fazenda dos Chocobo e uma réplica em tamanho real da Buster Sword, que pude jogar os dois primeiros capítulos do jogo.

Começar com Nibelheim e Sephiroth jogável no grupo jamais seria algo ruim, né? (Imagem: Square Enix/Reprodução)

Situado em Nibelheim, o primeiro capítulo tem um ritmo lento, e é perceptível que foi feito assim de forma proposital, para reinserir o jogador àquele universo. E, de quebra, fazer com que um tutorial da mesma jogabilidade de antes não seja tão esquisito.

Usar Nibelheim como abertura também ajuda a estabelecer o tom de Rebirth logo de cara. Com a introdução de mundo e personagens em Final Fantasy VII Remake, a sequência tem espaço para mergulhar de cabeça na história e, principalmente, na psique do vilão Sephiroth, que é jogável por um momento na parte inicial — e, sim, controlá-lo é tão incrível quanto parece! Ele apresenta uma jogabilidade rápida e ataques estilosos que causam boas quantidades de dano, sendo a maneira perfeita de readaptar ao combate que mistura ação e turnos.

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Isso faz a nova aventura começar com o pé direito, mas não sem algumas pulguinhas atrás da orelha.

Rebirth é diretamente ligado ao primeiro jogo e não funciona sozinho nem um pouco, o que era de se esperar e não chega a ser algo negativo (Imagem: Square Enix/Reprodução)

Curiosamente, o arco de Nibelheim é a adaptação mais fiel ao jogo original (e até ao derivado Final Fantasy VII: Crisis Core) dos dois remakes até o momento. Chega a gerar uma sensação de “rejogar” a mesma sequência de antes, com visual modernizado e pequenas mudanças aqui e ali.

A estrutura da cidade foi levemente expandida, mas a maioria dos pontos de interesse são os mesmos, com a maior novidade ficando para a nova versão do minigame de piano, que se assemelha à mecânica do violão de The Last of Us Part II, com o uso dos analógicos para a escolha das notas.

Assim, o sentimento nas primeiras horas de Rebirth é de pura nostalgia — seja para bem ou mal, dependendo do que o jogador está mais à espera para ver. Essa sensação muda drasticamente, no entanto, com o segundo capítulo, que retorna para o tempo atual após a fuga do grupo principal de Midgar em Remake.

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Kalm resgata o sentimento de Final Fantasy VII Remake de se emocionar ao ver a cidade completamente mudada! (Imagem: Square Enix/Reprodução)

Cloud, Aerith, Tifa, Barret e Red XIII estão escondidos na pequena cidade de Kalm e, ao contrário de Nibelheim, o local é bem diferente da versão original. Apesar de manter aquela arquitetura de estilo europeu, há mais vida por todo lado, com cidadãos fazendo barulho pelas ruas, casas e lojas para explorar e uma paleta de cores vibrantes.

O local ainda é palco para a introdução do inédito Queen’s Blood, um jogo de cartas com partidas rápidas, regras simples e alto risco de vício. A ideia é enfrentar adversários de várias cidades e colecionar cartas cada vez mais raras, algo com bastante potencial para repetir o “Tetra Master” de Final Fantasy IX.

Kalm também apresenta a nova linha secundária de quests, Bonds of Friendship, que aparece em outras cidades e locais ao decorrer da história. Elas consistem em tarefas ligadas aos outros membros do grupo e, ao completá-las, Cloud fortalece o relacionamento com aquele personagem — o que também melhora o desempenho do colega em combate.

Segundo o diretor Naoki Hamaguchi, os laços entre os personagens são um dos temas principais de Rebirth que refletem na jogabilidade (Imagem: Square Enix/Reprodução)

A demo também ofereceu um vislumbre do World Map de Rebirth, uma versão moderna que se distancia (e muito) do original em aparência, mas mantém a mesma premissa.

A primeira área do “mapa de mundo” é Grasslands, que aparece como uma parte aberta e transmite um sentimento de mundo semiaberto. A região parece brincar com a noção de linearidade e liberdade, apresentando baús, itens e inimigos para serem encontrados, mas sem aparentar ter segredos que não estão marcados com pings no mapa, além de constantemente incentivar o jogador a se manter nos trilhos da história principal.

Uma espiada rápida no menu também mostrou o mapa completo, que é tão imenso que chega a ser difícil acreditar que tudo será explorável logo em Rebirth, sem “guardar” algumas regiões apenas para o último capítulo da trilogia.

O jogo tem opção de viagem rápida entre pontos específicos do World Map (Imagem: Square Enix/Reprodução)

Grasslands tem cinco missões secundárias ao todo, mas encontrei apenas uma delas por causa do tempo limitado da demo, que consiste em coletar flores para Chloe, a lojista da Fazenda Chocobo. A tarefa é derrotar um grupo de inimigos em uma área específica para coletar a flor correta — o que confesso que não foi lá muito divertido ou animador, dando a impressão que Rebirth deve manter o estilo de conteúdo opcional simples de Remake.

Quase o mesmo pode ser dito sobre o combate, que mantém a mistura de ação e turnos, mas com alguns adicionais que aumentam as possibilidades de ataque. A novidade mais marcante é a mecânica de sinergia, que atua como um “Limit Break” cooperativo, em que dois personagens se ajudam para executar um único ataque poderoso. Além disso, Red XIII finalmente é jogável em Rebirth, aumentando o grupo desses personagens. Ele tem golpes com belíssimas animações e que são excelentes para combate de curto alcance, se assemelhando a Tifa.

Há ainda novidades relacionadas aos equipamentos, como upgrades para as sinergias e até transmutação de itens para melhorá-los (Imagem: Square Enix/Reprodução)

Em termos de história — um dos maiores mistérios de Rebirth —, os capítulos mostram duas caras da mesma moeda: Nibelheim com um alto nível de fidelidade, mas Kalm e Grasslands com uma forte e esperada repaginada. Diferentes propostas, que devem ditar a estrutura do jogo.

O que preocupou, na verdade, não foi nada relacionado ao conteúdo, mas sim à performance. A falta de polimento visual na aparência de NPCs e personagens principais é nítida em alguns momentos, fazendo a qualidade gráfica oscilar com frequência. Leves travamentos de áudio e até no movimento dos companheiros durante a exploração também apareceram. Nenhum desses problemas foram vistos em Remake, e é importante ressaltar que joguei uma demo separada para o evento, portanto, é possível que os erros encontrados não apareçam na versão final. Resta esperar para ver.

Sephiroth… fez isso? (Imagem: Square Enix/Reprodução)

De longe, os minutos finais da demo foram os mais empolgantes porque tiveram uma surpresinha com a icônica serpente Midgardsormr que, em Rebirth, é uma luta obrigatória e desafiadora de chefe. A criatura é simplesmente imensa, o que a faz ter uma postura imponente em contraste com os personagens, e apresenta golpes rápidos e poderosos.

O momento serve como um tapa no rosto do jogador com uma boa dose de ação — e ainda simboliza o que mais quero ver em Rebirth: uma sequência que homenageia o original, mas tem seu próprio toque e ritmo.

Assim, retornar ao mundo de Final Fantasy VII por três horas ofereceu uma espiadela na segunda parte da trilogia, que se preocupa em expandir o que foi apresentado antes e não reinventar a roda. Além de, é claro, elevar ainda mais as expectativas para um dos lançamentos mais aguardados do ano.


Final Fantasy VII Rebirth será lançado no dia 29 de fevereiro, sendo exclusivo temporário de PlayStation 5.

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