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Samurai de Olhos Azuis acerta com ação e personagens profundos | Crítica

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Se você ficou passando pelas redes sociais nos últimos dois meses, é provável que tenha lido o nome Samurai de Olhos Azuis. Lançada na Netflix, a animação se consolidou como uma das melhores séries de 2023, se posicionando como mais uma grande animação voltada para o público adulto.

A trama, ambientada no Japão do século XVII, segue Mizu (voz original de Maya Erskine), uma mestre de espadas em busca de vingança contra quatro homens brancos, que permaneceram ilegalmente no país após o fechamento das fronteiras. E um deles pode ser seu pai.

Dotada de olhos azuis que enfatizam sua descendência internacional, a protagonista enfrenta o estigma da era Edo, por volta de 1600, em que crianças nascidas de “forasteiros” eram consideradas monstruosas. Esse foi um período de forte isolamento político-econômico do país e rígido controle interno, durando até 1868.

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Para avançar em sua jornada de vingança, Mizu precisa se disfarçar como homem, ocultando sua singularidade por trás de óculos escuros especialmente criados para ela. O paralelo com Mulan, clássico da Disney, é inevitável, mas as semelhanças terminam aí. Enquanto a heroína chinesa age para proteger sua família, Mizu precisa esconder quem é para se manter viva e executar sua vingança, algo extremamente pessoal, que a coloca como uma verdadeira anti-heroína.

Essa trama se desenrola paralelamente à história da Princesa Akemi (voz original de Brenda Song), que, apesar de seu amor por um samurai, acaba vendida em casamento pelo pai. Presa às convenções sociais do Japão Feudal, Akemi luta por seu lugar e liberdade como pode, sem medo das consequências de ir atrás do que acredita, batendo de frente com o patriarcado que domina a sociedade. Já Mizu se torna forte por ser a única maneira de sobreviver a um mundo que queria matá-la simplesmente por existir, o que a coloca num lugar de ressentimento, em que ela mesma é condicionada a se odiar. Ao longo dos episódios, as histórias das duas se cruzam e se complementam, como dois lados da mesma moeda.

Com isso, Samurai de Olhos Azuis se torna um grito de resistência contra as amarras patriarcais e um manifesto pela liberdade, um tema explorado de maneira profunda com cenas de combates viscerais e intensos. Aliás, é bom deixar o aviso: a série é violenta e explícita, então é melhor se preparar para assistir a algumas cenas impactantes.

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Visual marcante e personagens complexos

Imagem de Samurai de Olhos Azuis
História da princesa Akemi é desenvolvida em paralelo, mas dentro da mesma temática de liberdade (Netflix/Divulgação)

Mizu corta caminho até seus objetivos passando por todos os obstáculos, inclusive por exércitos inteiros em cenas de luta tão inventivas quanto épicas, trazendo à mente o dinamismo de Genndy Tartakovsky em Samurai Jack, misturado com a estética de Arcane, também da Netflix.

A grandiosidade das batalhas sangrentas é equilibrada por cenários serenos, em que a fúria e frieza de Mizu contrastam com detalhes delicados de belas paisagens. A animação transporta o espectador para o Japão feudal como poucas obras, com bucólicas cenas de florestas cobertas de neve até vielas iluminadas por lanternas.

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A série também acerta ao ser uma montanha-russa visual deslumbrante, mas sem nunca perder de vista a perspectiva única de Mizu. A animação híbrida entre 2D e 3D é delicadamente pintada e lembra Arcane na forma como usa cores fortes e movimentos para intensificar as diferentes emoções da história. O resultado é impressionante, tanto nos designs distintos dos personagens quanto nos belos cenários. E cada sequência é complementada pela trilha sonora impactante, que mistura músicas modernas com melodias clássicas do país.

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Criadores de Samurai de Olhos Azuis, Michael Green (Blade Runner 2049) e Amber Noizumi entregam uma temporada de estreia verdadeiramente especial, entrelaçando temas como isolacionismo e colonialismo, e apostando em personagens extremamente humanos, como Ringo, um jovem cozinheiro e PCD, que se encanta com Mizu e a vê como uma heroína que pode ensiná-lo a ser “grande”, e Mestre Eiji, o ferreiro que cria espadas lendárias e teve compaixão com a protagonista desde o início de sua vida.

Samurai de Olhos Azuis é uma verdadeira obra-prima da animação adulta e oferece uma história complexa e envolvente do começo ao fim. A série merece elogios por sua qualidade de animação, cenas de ação, trama e personagens. Ela vale o tempo investido e deve empolgar àqueles que gostam de boas histórias, belas cenas e lutas que mais parecem danças coreografadas. Fã ou não de animação, vale dar uma chance.


Todos os episódios da primeira temporada estão disponíveis na Netflix e a série já foi renovada para o 2º ano.

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