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Equipe de Além do Guarda-Roupa fala sobre mistura de culturas nos bastidores

Os k-dramas têm conquistado cada vez mais popularidade, e o público brasileiro se destaca entre os espectadores dessas produções. Em 2022, por exemplo, o Brasil foi o segundo maior mercado consumidor de k-dramas no mundo – de acordo com dados do Rakuten Viki, streaming voltado para produções do leste asiático. Mas o que acontece quando essas séries sul-coreanas se misturam com o “jeitinho BR” de contar histórias? A resposta está em Além do Guarda-Roupa, novo projeto do HBO Max.

O enredo do projeto acompanha a vida de Carol, uma garota descendente de coreanos, cuja vida não é nada fácil. Enquanto lida com família, trabalho, escola e o sonho de virar uma bailarina, a protagonista também descobre um portal mágico em seu armário, conectado à Coreia do Sul — mais especificamente, ao apartamento de um grupo de k-pop famoso: o ACT.

Várias questões sobre a Onda Coreana e a indústria do k-pop são exploradas com o passar dos episódios da série, aproximando duas culturas bastante diferentes. E o NerdBunker teve a oportunidade de conversar com o elenco principal e membros da equipe de produção de Além do Guarda-Roupa para saber mais sobre essa mistura entre Brasil e Coreia.

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Um k-drama musical no Bom Retiro (SP)

Não é preciso muitos capítulos para entender que Além do Guarda-Roupa mescla várias premissas bastante conhecidas pelos amantes de k-dramas. A história da mocinha extraordinária que se depara com algo mágico, tendo a vida virada de cabeça para baixo, aparece em várias produções — e também está nessa novidade brasileira. De acordo com Geórgia Costa Araújo, produtora da Coração da Selva, empresa idealizadora do projeto:

“[Araújo:] O que tentamos retratar não é algo específico de Além do Guarda-Roupa. A gente percebe que todas essas produções sul-coreanas respeitam muito certos códigos, que são comuns a todos os projetos. […] A gente respeitou os códigos que eles respeitam. […] Em cada episódio, você vai encontrar elementos tanto de estilo formal quando da dramaturgia [sul-coreana].”

E, junto de tais “códigos”, Além do Guarda-Roupa se arrisca a ir mais fundo, escalando verdadeiros idols de k-pop, vindos da Coreia, para participar da história. Segundo Araújo e Silvia Fu, líder de conteúdo roteirizados da Warner Bros. Discovery, houveram dúvidas se a ideia daria certo, mas os jovens artistas, selecionados para dar vida ao grupo ACT, surpreenderam antes mesmo das câmeras começarem a gravar.

“[Fu:] A grande questão é como eles são preparados. Foi muito difícil escolher os cinco [meninos], porque tinham 20 ou 30 pessoas muito boas. […] É um nível de exatidão, de profissionalismo e de respeito [com o qual se torna] agradável de trabalhar.

[Araújo:] E o ponto de destaque é o quanto o Brasil é importante como um lugar de expansão estratégica para as carreiras [de artistas] dessa indústria. Tanto no audiovisual quanto na música. […] Na hora que a gente falava “Vem pro Brasil”, parecia que era um bilhete premiado para todos eles.”

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Do Brasil para a Coreia e vice-versa

Após do processo de seleção, os bastidores das filmagens de Além do Guarda-Roupa também provaram que a mistura entre a cultura brasileira e a sul-coreana criou algo único, que encantou até o elenco da série. Sharon Sho e Júlia Rabello, que interpretam a protagonista Carol e sua tia, respectivamente, contaram um pouco sobre a experiência:

“[Sho:] A gente conviveu com eles [os meninos sul-coreanos] por quatro meses. Eles são jovens como a gente, gente como a gente. E foi maluco ver essa diferença de culturas — eles ficando cada vez mais com um jeitinho brasileiro. Foi muita conexão.

[Rabello:] A convivência era muito interessante, porque…o brasileiro é bastante informal. A gente tem uma cultura de muito afeto, emoção e informalidade. E eu sentia que eles vinham todos os dias, olhavam nos olhos, davam bom dia. Era um cuidado e um carinho nas relações…então, essa troca cultural foi muito gostosa. Você começa a entender que existem outras possibilidades muito interessantes.”

E, do outro lado da moeda, os idols também tiveram uma vivência diferenciada no Brasil, ao trazer uma breve adaptação da indústria de entretenimento musical sul-coreano para um público que mora do outro lado do mundo. O NerdBunker pôde entrevistar o solista Kim Woojin e Jinkwon, membro do grupo Newkidd, que compartilharam algumas de suas memórias:

“[Woojin] Eu gosto muito do Bom Retiro [São Paulo – onde a história foi gravada]. Quando eu lidei com as pessoas, senti que eram bondosas, alegres, e eu me senti muito bem recebido.

[Jikwon:] A gente tem muito a cultura dos idols, de dormitórios, culinária, retratada na série. Acredito que nossos fãs brasileiros acharão divertido encontrar esses fatores culturais. […] O Bom Retiro também tem essa cultura de grafites, com cores bastante vivas, que lembram muito os figurinos dos artistas.”

Apesar de se inspirar muito em k-dramas, explorando tanto arquétipos quanto clichês, Além do Guarda-Roupa é uma série que esbanja brasilidade. E é nesse ponto que o projeto ganha a chance de conquistar o público.

“[Silvia Fu:] É uma história muito brasileira — quando você tem o talento, [mas] não necessariamente consegue [alcançar um objetivo]. Quando é preciso lutar [para conseguir o que se quer]. E [também aborda] muito sobre o entendimento de quem você realmente é. É aí que eu acho que [Além do Guarda-Roupa] vai se destacar.”


Além do Guarda-Roupa chega ao catálogo do HBO Max hoje, 20 de julho.

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