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Aquaman 2 luta para encontrar diversão escondida nas profundezas da bagunça | Crítica

É inevitável o gosto de atraso em Aquaman 2: O Reino Perdido. Encomendado como sequência do maior sucesso de bilheteria do Universo DC nas telonas, o filme estreia agora que essa franquia foi declarada morta e se prepara para renascer. Como se não bastasse, o momento com os super-heróis é de descrença, graças a uma exaustão cada vez mais concreta. Uma série de desafios que jogam contra um projeto que chega confortável em apenas repetir a dose do primeiro em uma aventura empolgada, descerebrada e orgulhosamente brega.

A nova aventura traz Aquaman (Jason Momoa) lidando com as mudanças em seus dois mundos. Além dos deveres como Rei de Atlântida, cargo ingrato pela forma como seus súditos não o seguem, agora ele precisa criar Arthur Júnior, o filho que teve com Mera (Amber Heard). Acontece que a jornada dupla se torna o menor dos problemas do herói quando o Arraia Negra (Yahya Abdul-Mateen II) retorna portando um poder antigo em busca de uma vingança que pode condenar o mundo todo.

Com uma nova premissa em mãos, a equipe responsável pelo longa aposta em repetir a fórmula do filme anterior, inclusive recorrendo a flashbacks do mesmo para fixar a ideia de unidade. A combinação entre galhofa e o espetáculo de ação com toques de terror retornam de forma quase inalterada. Uma questão que, se no papel parecia uma boa ideia, na prática diz outra coisa.

O ponto alto, para a surpresa de ninguém, está na ação. Cada vez mais à vontade no gênero, o diretor James Wan cumpre com louvor a tarefa de criar um espetáculo audiovisual embaixo d’água. As sequências de perseguição e pancadaria são conduzidas com esmero e criatividade o suficiente para hipnotizar e fazer com que o público sinta cada golpe.

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Ajuda que o cineasta tempera essa aventura de super-herói com terror, sua outra especialidade. São vários os momentos em que o suspense cria uma tensão que desemboca em pancadaria ou coloca a trama para andar. Um direcionamento que dá à produção a desculpa perfeita para investir em mais monstros – tanto aquáticos quanto terráqueos – que dão medo, alimentam a ação e ajudam a expandir esse canto do universo DC.

Infelizmente, Aquaman 2: O Reino Perdido não é feito só de ação e deixa a desejar em praticamente todo o resto. O roteiro de David Leslie Johnson-McGoldrick é simplório e falha em criar uma narrativa coesa. Além de ser dependente de flashbacks do anterior para funcionar, o texto é confuso ao trazer e descartar personagens sem muita explicação, o que fragmenta o arco de praticamente todos eles.

O filme cria “forçadas de barra” disfarçadas de motivações e ações, como se poucas linhas de diálogos e uma sequência de batalha empolgante na sequência pudessem varrer as questões para debaixo do tapete. Uma abordagem que tanto texto quanto direção tentam reconhecer ao serem auto indulgentes com os atalhos que tomam. Porém, esse verniz de honestidade derrete rapidamente revelando que, na verdade, o problema é mais embaixo.

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Na tentativa de disfarçar fragilidades com galhofa, O Reino Perdido parece desesperado para que o público ria “com ele”, mas não “dele”. Isso se mostra na forma como o longa falha ao tentar transitar em diferentes tons. A passagem de um momento sério para uma comédia pastelão é constante e sempre abrupta, dificultando o entendimento da gravidade das situações e como os personagens as encaram.

Esse problema, em específico, atinge em cheio o Aquaman de Jason Momoa, que assume diferentes personalidades ao longo do filme. O Rei dos Mares fica entre a costumeira fachada de bombado marrento e algo cartunesco ao ponto de flertar com os Looney Tunes enquanto ecoa outros heróis, como Superman e até Homem-Aranha. Uma confusão que evidencia o desespero de uma busca por identidade.

Uma questão no mínimo esquisita, considerando que o primeiro Aquaman foi realizado pela mesma equipe e não só havia estabelecido uma personalidade para o personagem, como soube trafegar entre diferentes gêneros e tons sem parecer truncado. É inevitável pensar em interferências do estúdio, mas encontrar culpados não muda o fato de que o filme é bagunçado.

Acontece que entre a bagunça e as boas ideias, Aquaman 2: O Reino Perdido tem material o suficiente para agradar e desagradar quem conferir o último suspiro do DCEU. A seu favor, o longa tem uma honestidade que se apresentou logo na primeira cena. Ao fazer um paralelo entre as grandes aventuras do herói com brincar de bonecos, o longa é franco ao não prometer ser mais do que isso.

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Não é um grand finale para o Universo DC dos cinemas e tão pouco a resposta para a fadiga do gênero. É uma brincadeira descompromissada que, assim como o primeiro, pode divertir quem for procurando por adrenalina. Por outro lado, quem for esperando mais que isso, pode sair com o amargo gosto de um hambúrguer vencido.

Aquaman 2: O Reino Perdido está em cartaz nos cinemas do Brasil.

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