Imagine um cenário futurista distópico, em que facções interplanetárias travam batalhas épicas com robôs gigantes. Essa é uma forma de resumir o universo de BattleTech, que se destaca como um marco no mundo dos wargames. Ao longo de décadas, a franquia se tornou amada por muitos e ganhou ainda mais força nos videogames, com jogos como Mechwarrior, HBS BattleTech e outros.
Neste jogo de estratégia, os participantes comandam imensos robôs gigantes chamados BattleMechs, explorando campos de batalha do século XXXI em busca de vitória e glória. O game começou em 1984, como um jogo de tabuleiro, voltou a ganhar espaço com uma campanha no Kickstarter e, desde então, une cada vez mais adeptos no Brasil e no mundo.
Do tabuleiro aos videogames, uma jornada de décadas
BattleTech foi desenvolvido pela finada empresa FASA. Atualmente sob os cuidados da Catalyst Game Labs, o jogo de estratégia passou por diversas mãos até encontrar seu lar atual. “[O título] foi introduzido no Brasil pela Devir nos anos 1990, com a venda da edição portuguesa do jogo, dando origem a uma pequena comunidade de jogadores. No início dos anos 2000, a franquia teve um novo impulso com o lançamento de Mechwarrior: Dark Age, um novo jogo que utilizava miniaturas já pintadas e regras para partidas rápidas”, explica Paulo Micchi, um dos maiores apoiadores do jogo em seu início.
Glebe Duarte, empresário e atual líder da Comunidade Brasileira de BattleTech, descreve o jogo como um misto de táticas militares e ficção científica, uma verdadeira epopeia estratégica ambientada num futuro longínquo: “Em alguns aspectos, brincamos que ele seria uma espécie de Game of Thrones do futuro, com a disputa de Casas pelo poder nos mais distantes cantos do universo. Mas, é claro, esse cenário é muito mais do que apenas isso.”
A complexidade tática, a profundidade das histórias e a ênfase na estratégia e personalização são elementos que diferenciam BattleTech de outros jogos de guerra. Ao contrário de experiências focadas apenas em combates rápidos, o título oferece uma grande imersão e cada escolha tática pode ter consequências significativas. A customização dos BattleMechs, a pintura das miniaturas e a construção da narrativa acrescentam camadas adicionais de envolvimento, permitindo que os jogadores se conectem mais profundamente com o hobby.
Customização do mech e do piloto
A customização é central em BattleTech. Ela permite aos jogadores expressar criatividade, desde a escolha e personalização dos mechs até a pintura das miniaturas. Segundo Duarte:
“Imagine que cada mech pode ser único, você pode escolher que o mech Hunchback, ao invés de ter um baita de um trabuco em seu ombro, tenha um conjunto de mísseis, e por aí vai. Isso adiciona uma camada de imersão, permitindo que os jogadores se conectem mais profundamente com suas unidades e histórias. É sem dúvida uma das partes mais legais do jogo.”
Além disso, é possível jogar de forma narrativa: “Você pode criar sua história, escolher equipamentos, armamentos, tipos de munição, de armadura. É realmente incrível e fascinante ter tudo isso à sua disposição. E, ao jogar em eras específicas, alguns equipamentos estão à sua disposição, enquanto outros não foram criados ainda, logo, você percebe que pode deixar o jogo ainda mais desafiador só por escolher uma era mais escassa de equipamentos”, diz Duarte, que acrescenta que BattleTech não nasceu com um DNA competitivo, mas existem torneios para os interessados.
Além do jogo de tabuleiro, Battletech se expandiu para RPGs, videogames e literatura, cada um contribuindo para aprofundar o universo e oferecer diferentes formas de engajamento. ”Isso enriquece a experiência da comunidade, permitindo aos jogadores explorar o universo de Battletech de várias maneiras. Hoje muitos que participam da comunidade se encontram online para jogar os games eletrônicos, outros mais próximos, agendam e compartilham partidas presenciais e assim cada formato tem seu espaço”, explica.
Comunidade brasileira
A comunidade brasileira de BattleTech é entusiasta e acolhedora. “Temos um ambiente realmente saudável e propício para quem está começando. Novos jogadores são incentivados a se envolverem através de grupos online, como o WhatsApp e Discord da comunidade, além do site oficial (btbr.club). Eventos presenciais e online oferecem oportunidades para os jogadores se encontrarem, compartilharem experiências e mergulharem mais fundo no universo”, diz Glebe Duarte.
A comunidade internacional de BattleTech também é apaixonada, e Duarte destaca que os jogadores brasileiros têm a oportunidade de se conectar com essa comunidade global. Ele, por exemplo, faz parte do Catalyst Demo Team, um grupo oficial que promove o jogo internacionalmente. Com eventos como a Campanha Global, pela primeira vez com participação oficial do Brasil, a expectativa é que o título continue a ganhar popularidade no país.
“A inclusão e a acessibilidade serão fundamentais para atrair novos jogadores e manter o interesse no jogo. E ter este espaço aqui em um portal como o Jovem Nerd (que sou tão fã!) é sem dúvida um grande empurrão para que este amado universo chegue a mais pessoas”, diz Glebe Duarte.
Saiba como entrar nesse universo único
O jogo, conhecido por seu mundo rico e, às vezes, confuso para novatos, teve uma clara evolução ao longo dos anos, com destaque para eventos como a Guerra da Sucessão e a Invasão dos Clãs. “O lore agora abrange várias eras e eventos chave, como a Guerra da Sucessão e a Invasão dos Clãs, os períodos que eu mais recomendo que alguém que está começando queira se aprofundar. Para novatos, os livros da série The Warrior Trilogy de Michael A. Stackpole também são um excelente ponto de partida”, comenta Glebe.
Para os interessados em entrar no hobby, Duarte oferece conselhos práticos, afinal, começar no mundo de BattleTech pode ser acessível: “Existem opções como conjuntos básicos, miniaturas usadas, proxies 3D ou até mesmo miniaturas de papelão. A caixa básica, chamada A Game of Armored Combat é, sem sombra de dúvidas, a melhor opção para jogar com todas as regras e um conjunto de minis excelentes para poder jogar em dupla”, explica.
Battletech transcende as fronteiras do tabuleiro e oferece uma experiência multifacetada que atrai jogadores de diversas mídias. Seja no calor da batalha tática, na profundidade do lore, na imersão da pintura das miniaturas ou nas narrativas épicas presentes nos videogames, BattleTech continua a conquistar corações e mentes, consolidando-se como um ícone duradouro no vasto universo dos jogos de estratégia.
Para quem quiser saber mais, há mais informações sobre o jogo no site oficial brasileiro. Os videogames da franquia estão disponíveis na Steam e os materiais para jogos de mesa podem ser encontrados em lojas como Amazon ou livrarias que importam os materiais oficiais da Catalyst.
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